Vencedor do Nobel de medicina trabalhou em pesquisas com brasileiros

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 07/10/2015 às 12:03

Foto: AFP. Foto: AFP.

O japonês Satoshi Omura foi um dos vencedores do Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia deste ano, ao lado do pesquisador irlandês William C. Campbell. A dupla recebeu a premiação pela descoberta de uma nova droga chamada avermectina, que reduz radicalmente a incidência de oncocercose – doença causada pelo verme Onchocerca volvulus – e de filaríase linfática, uma infecção que leva o paciente a ter elefantíase e causada por vermes do gênero Filaroidea. A chinesa YouYou Tu também foi premiada por desenvolver uma nova terapia contra a malária.

A descoberta de Omura do medicamento avermectina abre novas frentes para o combate à oncocercose. O papel do cientista japonês na descoberta da droga se deu a partir da expertise dele em cultivar bactérias do solo. Ao criar milhares de culturas do gênero Streptomyces, ele conseguiu identificar várias delas que produziam substâncias tóxicas para outros organismos.

O vencedor do Nobel atuou, também, em pesquisas junto a brasileiros. Um deles foi o diretor do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (CDTS/Fiocruz), Carlos Morel. Eles publicaram conjuntamente um artigo que marcava o 25º aniversário da doação do medicamento ivermectina, usado para eliminar a transmissão da oncocercose nas Américas. Leia o artigo completo aqui.

A colaboração de Omura com o Brasil continua ativa. Atualmente, o Centro de Pesquisas René Rachou (Fiocruz Minas) desenvolve pesquisas com o japonês relacionada ao teste de compostos da droga ivermectina, que já curou a oncocercose em milhões de pacientes em todo o mundo. A pesquisa é apoiada pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Inovação em Doenças Negligenciadas (INCT-IDN), que vem financiando a parceria da equipe da Fiocruz no Rio de Janeiro (RJ) e em Belo Horizonte (MG).

Malária

De acordo com o diretor do CDTS, a descoberta da chinesa Youyou Tu, outra premiada com o Nobel de Medicina de 2015, por suas pesquisas sobre novas terapias contra a malária, representou uma mudança no tratamento da doença. “Hoje em dia, a malária é tratada com a combinação de medicamentos e um deles é a artemisinina, que é a descoberta da chinesa”, disse.

O pesquisador da Fiocruz contou que atualmente todo o tratamento de malária é feito com duas ou três drogas, sendo que uma delas sempre é a artemisinina porque é a mais poderosa. “Com isso, puderam ser tratadas milhões de pessoas na África que antes não tinham tratamento nenhum ou eram assistidas com drogas que já estavam sem efeito por causa da resistência aos medicamentos”, acrescentou.