Anticorpo brasileiro será usado para criar nova droga contra o câncer

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 20/07/2015 às 10:36

Foto: Divulgação. Foto: Divulgação.

A empresa brasileira Recepta Biopharma firmou um acordo com a norte-americana Mersana Therapeutics para licenciar a tecnologia de produção de um anticorpo monoclonal que poderá ser usado em terapias contra o câncer.

Anticorpos monoclonais (mAbs, na sigla em inglês) são proteínas produzidas em laboratório por um único clone de linfócitos B – um tipo de célula de defesa – extraído de camundongos cujos sistemas imunológicos foram estimulados pelos antígenos de interesse.

Os anticorpos desenvolvidos e testados clinicamente pela Recepta, com apoio da FAPESP, são capazes de se ligar de maneira muito específica a alvos tumorais, não tendo efeito sobre tecidos sadios. “A Mersana detém a tecnologia para criar o chamado ADC (antibody-drug conjugate). Ou seja, eles usam um tipo de ligante para unir o anticorpo a uma toxina. Esse imunoconjugado entrega de maneira muito específica a toxina às células tumorais”, explicou Jose Fernando Perez, presidente da Recepta e ex-diretor científico da FAPESP.

Segundo os termos da parceria, a Recepta oferecerá à Mersana os direitos mundiais exclusivos sobre seu anticorpo monoclonal e a empresa norte-americana usará sua tecnologia conhecida como Fleximer para desenvolver um imunoconjugado contra alvos tumorais.

Os termos financeiros do acordo estabelecem que a Recepta receberá pagamentos à vista e pagamentos subsequentes por marcos que venham a ser atingidos no desenvolvimento, na aprovação regulatória e na comercialização da droga, que juntos podem alcançar um total de U$ 86 milhões.

Além disso, a Recepta receberá royalties relativos à comercialização da droga pela Mersana fora do Brasil. A Recepta terá o direito exclusivo de comercialização da droga no Brasil pagando royalties à Mersana sobre as vendas no país. A Mersana será responsável pela realização de ensaios clínicos e dos registros regulatórios necessários para a comercialização da droga.

“Esse é um evento único. Nunca na história da pesquisa em biotecnologia de fármacos no Brasil houve um licenciamento internacional de uma propriedade intelectual desenvolvida por empresa brasileira. Isso mostra que o modelo de pesquisa e desenvolvimento da Recepta funciona”, comemorou Perez. [Da Agência Fapesp]