Imagens de materiais em escala nanométrica integram livro de arte

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 18/07/2015 às 9:01

(Foto: Divulgação) (Foto: Divulgação)

Após integrarem uma exposição artística itinerante, imagens em escala nanométrica produzidas por pesquisadores e técnicos do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs), financiados pela FAPESP, ilustram o livro Nanoarte: A arte de fazer arte.

Fotos dos materiais estudados no CDMF por alunos de graduação e pós-graduação, como ouro, prata, titânio, estanho, chumbo e outros compostos sintetizados no laboratório do CEPID, ganharam interpretações artísticas dos autores do livro. Dessa forma, uma imagem de aluminato de ítrio, um cristal sintético incolor, recebeu o título de “Cavernas do destino”, e a de um nanotubo de carbono foi intitulada “Corais”, pela semelhança com o animal marinho.

O objetivo, de acordo com Elson Longo da Silva, coordenador do CDMF e autor do texto sobre nanotecnologia que acompanha as imagens do livro, é “estimular uma percepção artística do cientista enquanto contribui para a popularização da ciência da nanotecnologia”.

“Trata-se de um olhar artístico sobre imagens que para os pesquisadores são extremamente familiares mas que para a sociedade, sem uma apresentação mais cuidadosa, não dizem a que vieram. Selecionar essas imagens e dar a elas um tratamento artístico amplia seu alcance porque a arte dialoga com mais facilidade com o ser humano”, disse.

O livro traz mais de 200 fotografias feitas em um microscópio eletrônico de varredura (MEV), capaz de produzir imagens de alta resolução da superfície de uma amostra, com aparência tridimensional. Os registros são feitos em preto e branco, colorizados em seguida por meio de computação gráfica.

“A escolha das cores não obedeceu a critérios científicos, mas artísticos – foi a imaginação que determinou, por exemplo, que uma imagem de óxido de chumbo ganhasse as cores de um girassol”, explicou Rorivaldo Camargo, do CDMF, que com Ricardo Tranquilin idealizou a publicação. Ambos são autores da maioria das imagens. As ilustrações são acompanhadas por duas legendas: uma com o nome científico do material e outra com sua interpretação artística.

“Por meio do intelecto é possível nomear as imagens trazidas das profundezas da matéria pelo poderoso microscópio de varredura; por meio dos sentidos e da força da imaginação é possível captar as metamorfoses, transformando-as em arte, em nanoarte. Intelecto e imaginação se encontram na compreensão e contemplação da natureza, daí o significado da dupla legenda”, escreveu no prefácio do livro Maria Aparecida de Moraes Silva, do Centro de Educação e Ciências Humanas (CECH) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

A exposição Nanoarte, realizada pelo CDMF com imagens que deram origem ao livro, passou por diversas cidades do Brasil e do mundo, como São Carlos, Franca e Tatuí, em São Paulo, Natal, no Rio Grande do Norte, Nova Iorque, nos Estados Unidos, San Sebastian e Castellón, na Espanha, e Tel Aviv, em Israel.

Ao fim de 2014, a exposição esteve ainda no Festival Internacional de NanoArt, na Romênia. Nove quadros com imagens do CEPID foram selecionados para o evento que fez parte da 10ª Conferência Internacional sobre a Física de Materiais Avançados na Universidade Alexandru Ioan Cuza. No momento, a exposição Nanoarte está sendo apresentada no prèdio Bliblioteca Central da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) durante a reunião 67ª Reunião da Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em São Carlos, de 12 a 18 julho.

O livro Nanoarte: A arte de fazer arte é distribuído gratuitamente pelo CDMF. Interessados podem entrar em contato com o CEPID pelo telefone (16) 3351-8214. [Da Agência Fapesp]