Comunidade científica lamenta morte de Eduardo Campos, ex-ministro de Tecnologia

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 13/08/2014 às 16:52

Foto: JC Imagem. Foto: JC Imagem.

O ex-governador de Pernambuco e candidato à presidência da República Eduardo Campos foi personagem importante para a consolidação de Pernambuco como polo de tecnologia do País. Ele morreu nesta segunda (13) em um acidente de avião em Santos (SP). Ex-ministro de Ciência e Tecnologia do Governo Lula, seu falecimento foi lamentado por diversos setores ligados à área de ciência e inovação no Brasil.

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"Eduardo Campos era um dos raros políticos que possuía uma agenda que colocava a ciência e tecnológica como essencial para a construção de um país do futuro", disse o presidente do Porto Digital, Francisco Saboya, em entrevista ao NE10, por telefone. "Durante sua passagem pelo ministério de Ciência e Tecnologia ele deu uma dimensão que a pasta nunca antes tinha tido", disse. "Ele foi imprescindível para o fortalecimento do Porto Digital e honrou todos os esforços necessários para garantir o crescimento do polo. O Brasil perde um político com uma compreensão de que a inovação é parte importante no desenvolvimento."

Campos estava presente em diversos lançamentos importantes relacionados à tecnologia em Pernambuco, como a inauguração do Porto Mídia no ano passado, voltado para empreendimentos de multimídia e economia criativa, no Recife Antigo. Ainda como governador, ele também apresentou o projeto de re-estruturação do parque tecnológico de eletro-eletrônicos, no Curado, Zona Oeste do Recife. Durante seu governo, o Porto Digital foi escolhido como o melhor polo tecnológico do mundo e obteve faturamento de 1 bilhão de reais.

O presidente do Porto, Francisco Saboya ao lado de Eduardo Campos e Marco Raupp (Igo Bione/JC Imagem) O presidente do Porto, Francisco Saboya ao lado de Eduardo Campos e Marco Raupp (Igo Bione/JC Imagem)

Eduardo também foi responsável pela requalificação da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe).

Na pasta de Ciência e Tecnologia em 2004 Campos foi responsável por trazer mais investimentos para o programa espacial brasileiro e aprovou o programa de biossegurança, permitindo utilização de células-tronco embrionárias para uso em pesquisa. "O Brasil ficou muito mais pobre. Perdemos um grande interlocutor e um grande amigo da ciência brasileira", disse Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

"Foi uma grande perda para o cenário político do Brasil, em especial na área científica, que Eduardo tanto prezava. Em nome da ABC, lamento profundamente e apresento meus pêsames à família e à comunidade científica brasileira", escreveu o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis.

O cientista e professor da UFPE, Silvio Meira, muito próximo ao ex-governador, também divulgou uma nota de pesar. "A morte de Eduardo Campos é uma tragédia para sua famíia e para o Brasil. E perdi um grande amigo". Meira fazia parte da campanha de Campos atuando na área de internet, como consultor.

A reitoria do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) decretou luto oficial de cinco dias e divulgou nota oficial. "Como governador e ministro da Ciência e Tecnologia, ele dedicou um olhar especial à educação profissional e tecnológica e sempre se colocou como parceiro desta Instituição. Manifestamos também profundo pesar pelo falecimento dos profissionais que o acompanhavam e enviamos nossa solidariedade a todos os familiares das vítimas dessa tragédia irreparável."