Marte será a "estrela" da exploração espacial em 2014

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 05/01/2014 às 8:14

Atmosfera de Marte em foto divulgada pela Nasa: Planeta Vermelho sempre intrigou terráqueos (Divulgação) Atmosfera de Marte em foto divulgada pela Nasa: Planeta Vermelho sempre intrigou terráqueos (Divulgação)

Marte irá receber duas novas visitas em 2014. O Planeta Vermelho será uma das "estrelas" da exploração espacial nos próximos anos e receberá investimentos na ordem de bilhões de dólares para que possamos conhecer melhor seu passado e, esperam cientistas e empresários, possamos colonizá-lo.

A primeira visita acontecerá em setembro, quando a missão da Nasa chamada de Maven (Mars Atmosphere and Volatile Evolution, ou Atmosfera Marciana e Evolução Volátil na sigla em inglês) entrará na órbita do planeta. Os EUA esperam identificar como Marte perdeu a água que possuía e como sua atmosfera se tornou o que é hoje.

O que se sabe até agora é que Marte perdeu quase toda sua atmosfera superior há bilhões de anos. O planeta possuía oceanos e lagos de água em estado líquido, o que poderia existir formas de vida. Um pensamento corrente na comunidade científica é que Marte teve todos os seus seres vivos extintos em algum ponto de sua evolução.

Segundo o chefe do projeto Maven, em entrevista à AFP, a sonda vai estudar as diversas camadas da atmosfera de Marte, sua interação com o Sol e como os ventos solares influenciaram na sua perda de gases. A Nasa lançou a nave não tripulada no dia 18 de novembro. A previsão é que ela aterrisse no início de setembro e que comece os trabalhos cerca de dois meses depois. Quem leva a sonda é o foguete Atlas V, da empresa United Launch Alliance.

Foguete leva sonda indiana à Marte (Foto: AFP) Foguete leva sonda indiana à Marte (Foto: AFP)

Aventura indiana

A outra visita à Marte será feita pela Índia. A missão Mars Orbiter Mission (MOM) levará uma sonda que orbitará a atmosfera do planeta para estudar sua topografia, superfície e também buscar gás metano. O presidente da Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO, na sigla em inglês) disse ao jornal The Times Of India, que este é só o primeiro passo de um projeto mais ambicioso e que "haverá missões maiores depois".

A nave Mangalyaan tem 1,35 toneladas e deve chegar em Marte em novembro. O custo total do projeto foi de US$ 73 milhões de dólares. A Índia quer mostrar com a empreitada que possui tecnologia e conhecimento suficientes para se tornar uma potência na exploração espacial, hoje liderados por EUA, Rússia, e mais recentemente, a China.

O país, que já conseguiu lançar uma sona lunar, disse em um comunicado que vai lançar uma missão espacial tripulada à Lua em 2016.

Desenho conceitual mostra a Maven (Foto: Divulgação) Desenho conceitual mostra a Maven (Foto: Divulgação)

Saiu da Terra, cruze os dedos

Vale lembrar que a maior parte das missões à Marte não deram certo. Contabilizando todas as missões soviéticas e russas, européias, norte-americanas e japonesas, mais da metade falharam. Segundo um levantamento da revista Wired, a taxa de sucesso até agora foi de 30%. A maior parte das sondas se quebram, queimam com as altas temperaturas ou simplesmente desaparecem.

Até agora, agências espaciais conseguiram enviar sondas robóticas, sendo a última delas a Curiosity, que custou US$ 2,5 bilhões à Nasa e chegou ao planeta em agosto de 2012.

A Mars One vende passagens só de ida para Marte (Divulgação) A Mars One vende passagens só de ida para Marte (Divulgação)

Futuros moradores

Apesar de parte da comunidade científica não levar muito a série, a iniciativa privada segue empenhada em uma colonização de Marte nos próximos trinta anos. A empresa holandesa Mars One diz ter recebido mais de 200 mil inscrições, oriundas de 140 países, de pessoas interessadas em fazer parte das primeiras vagas de colonos.

No total, 1.058 candidatos passaram à segunda fase da seleção. O desafio com os 200.000 inscritos era separar os que pensamos ser capazes - mental e fisicamente - para a missão de embaixadores humanos em Marte dos que não levam o desafio a sério", disse Bas Lansdorp, fundador e presidente da Mars One. No total, apenas 24 nomes serão selecionados.

Os colonos, diz a Mars One, viverão em pequenos habitats com água, oxigênio e poderão cultivar seus próprios alimentos. O contrato custará cerca de 250 mil dólares. A única condição é que jamais poderão voltar para a Terra.