Pai da computação, Alan Turing recebe perdão póstumo 59 anos depois

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 24/12/2013 às 13:24

Cientista ajudou a salvar vidas mas foi condenado por ser gay (Foto: Divulgação / Manchester Memorial) Cientista ajudou a salvar vidas mas foi condenado por ser gay (Foto: Divulgação / Manchester Memorial)

O matemático inglês Alan Turing é considerado o pai da informática e foi o responsável por decodificar transmissões alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Turing também é tido como um dos mais importantes para a criação do computador. Condenado em 1952 por ser homossexual, ele recebeu nesta quinta (24) um indulto póstumo.

Depois de ajudar os ingleses contra os nazistas, Turing foi perseguido por ser gay. Foi preso e condenado a 61 anos por práticas gays. Foi submetido a um tratamento hormonal e chegou a ser castrado quimicamente. Morreu aos 41 anos, em 1954, envenenado por cianureto. O legista da época afirmou se tratar de um suicídio, mas a família sempre declarou que foi um acidente.

Depois da condenação ele foi obrigado a abandonar o laboratório do Quartel-General de Comunicações do Governo (GCHQ), onde trabalhou após a Segunda Guerra. A rainha da Inglaterra Elizabeth 2ª concedeu o perdão a Turing, depois de uma campanha online que durou vários anos e contou com apoio de cientistas como Stephen Hawkings e até uma proposta de lei da Câmara dos Lordes.

"Alan Turing foi um homem excepcional com uma mente brilhante", disse hoje o ministro da Justiça, Chris Grayling, que foi quem pediu à soberana que emitisse o indulto. "Seu brilho se evidenciou em Bletchley Park durante a Segunda Guerra Mundial, onde foi fundamental para decifrar o código Enigma, contribuindo para pôr fim à guerra e salvar milhares de vidas", acrescentou.

Em 2009, o então primeiro-ministro inglês Gordon Brown já tinha pedido desculpas publicamente. Mas, agora com o indulto real da rainha, a reparação do Estado inglês a Turing ganha um peso maior.