Setor de robótica cresce no Recife impulsionado por estudantes

Estadão Conteúdo
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Publicado em 20/07/2013 às 14:00

Os robôs da Maracatronics foram apresentados em palestra nesta sexta (Foto: Amanda Miranda/NE10) Os robôs da Maracatronics foram apresentados em palestra nesta sexta (Foto: Amanda Miranda/NE10)

Os robôs são tema de destaque na segunda edição da Campus Party Recife. Palco especializado, além de exposição e oficinas, demonstram que, apesar de a "terra do Mangue Beat" ainda não ter se firmado como referência em robótica, como sugeriu o título de palestra realizada no cenário Galileu nesta sexta-feira (19), já começaram os incentivos governamentais e da iniciativa privada para formar mão de obra dedicada à mecatrônica para atender ao novo polo de desenvolvimento.

Esse aumento da atração de investimentos na área foi notado nos últimos cinco anos por um dos curadores de robótica da Campus Party Recife, Rodrigo Medeiros, também fundador da iniciativa pernambucana Robô Livre. "Estamos crescendo aos poucos, mas numa evolução interessante", avalia. Para ele, agora há recursos e metas para a formação de mentes criativas para trabalhar nas grandes empresas que já foram ou serão instaladas no Estado, como a Fiat.

O professor João Paulo acredita que o trabalho da Maracatronics é importante por incentivar o trabalho entre os alunos (Foto: Amanda Miranda/NE10) O professor João Paulo acredita que o trabalho da Maracatronics é importante por incentivar o trabalho entre os alunos (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem)

O problema encontrado atualmente é o entrave burocrático para acessar e utilizar esses recursos, de acordo com o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) João Paulo Cerquinho Cajueiro. Ele ministrou a palestra "Maracatrônics, a terra do Mangue Beat se firmando como referência em robótica" no palco Galileu. Segundo Cajueiro Recife ainda está na etapa de atrair estudantes e profissionais para a criação dessa mão de obra especializada, não podendo ainda ser considerado um destaque no cenário nacional. "Falta volume de trabalhos, mas estamos caminhando bem", afirma.

Alunos da rede municipal do Recife podem participar de oficinas na Campus Party (Foto: Amanda Miranda/NE10) Alunos da rede municipal do Recife podem participar de oficinas na Campus Party (Foto: Amanda Miranda/NE10)

Com maiores investimentos em mecatrônica, o trabalho em algumas escolas privadas e públicas começa ainda na infância. A organização Robô Livre trabalha em parceria com escolas estaduais para implantar a robótica utilizando materiais recicláveis nas salas de aula. "O objetivo é despertar o interesse em outras questões, como tensão e eletricidade. É fazer com que eles façam relações, interligando teoria e prática. A intenção é desmistificar que a tecnologia é difícil. São eles que fazem, mostrando que qualquer pessoa que tenha interesse pode aprender", explica Rodrigo Medeiros. Para Matheus D'Lucas, 16 anos, que está na equipe há cerca de um ano, a prática acaba sendo mais interessante.

As oficinas para os alunos da rede municipal são uma introdução à parceria desenvolvida a partir da próxima segunda (Foto: Amanda Miranda/NE10) As oficinas para os alunos da rede municipal são uma introdução à parceria desenvolvida a partir da próxima segunda (Foto: Amanda Miranda/NE10)

A organização começou a trabalhar nas escolas em 2010, priorizando aquelas que têm situação social de risco. "A robótica pode servir como plataforma de transformação social", afirma um dos fundadores da Robô Livre. A partir desta edição da Campus Party, o projeto deve chegar a mais 34 escolas municipais do Recife. "São essas mentezinhas que estarão nas empresas em alguns anos", conclui.

Estudantes executam o exoesqueleto eletromecânico que construíram (Foto: Amanda Miranda/NE10) Estudantes executam o exoesqueleto eletromecânico que construíram (Foto: Amanda Miranda/NE10)

Os estudantes que continuam o interesse pela robótica no ensino superior podem buscar graduações como engenharia mecânica com ênfase em mecatrônica da UFPE, especialização incluída no curso recentemente. Também existe há pouco tempo, aproximadamente um ano, o trabalho da equipe "Maracatrônics". São 16 estudantes que trabalham em categorias distintas de competições de robôs. "Podem não ser robôs industriais, mas é uma maneira de testar os equipamentos para situações reais", explica o professor João Paulo Cerquinho Cajueiro.

Lampião e Maria Bonita foram construídos pelos alunos para lutar nas arenas no grupo beetlejuice, de competidores leves; Caboclo de lança e A la Ursa, na hobby, um pouco mais pesados. Há ainda os equipamentos para seguidores de linha e sumô. Para participar da Robocup 2014, em João Pessoa, pretendem construir um time para o futebol de robô, da qual só participam os autônomos, controlados por computador após programação.