Cientistas brasileiros estudam produzir energia das explosões solares

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 05/04/2013 às 15:21
Sun FOTO:

Sun

Foto: NASA/Divulgação

Um grupo de cientistas brasileiros estuda produzir energia a partir das explosões solares. Um equipamento brasileiro, para medições da radiação solar na faixa de frequências dos tera-hertz (1 trilhão de Hertz ou 1012 Hz), será enviado em breve a 40 quilômetros da superfície terrestre, em voos de longa duração a bordo de balões estratosféricos.

O experimento, chamado de Solar-T, destina-se a explorar um dos aspectos menos conhecidos e mais enigmáticos da atividade do Sol. No estudo das emissões solares, a faixa dos tera-hertz (THz) do espectro eletromagnético, situada entre as micro-ondas e o infravermelho próximo, foi praticamente desconsiderada até recentemente.

"Imaginava-se que ela fosse pouco importante, abrigando eventualmente apenas a radiação proveniente de fenômenos de origem térmica. Mas descobertas relativamente recentes, realizadas nas frequências de 0,2 THz e 0,4 THz, mudaram essa concepção", disse o coordenador do experimento, Pierre Kaufmann, do Centro de Radioastronomia e Astrofísica Mackenzie (Craam) da Universidade Presbiteriana Mackenzie, à Agência FAPESP.

As emissões em tera-hertz, associadas a explosões solares, foram detectadas pelo radiotelescópio solar para ondas submilimétricas operado em El Leoncito, nos Andes Argentinos. E, por seu ineditismo, essa descoberta causou grande perplexidade e agitação entre os cientistas.

“Ela deu início a uma década de enormes esforços teóricos e experimentais voltados para a elucidação do fenômeno. Foi por isso que dedicamos de oito a nove anos à concepção e à construção do Solar-T, em colaboração com o Centro de Componentes Semicondutores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Observatório Solar Bernard Lyot, de Campinas-SP”, comentou Kaufmann.

A suposição é que as emissões em tera-hertz, ou “radiação T”, como às vezes são chamadas, decorram de mecanismos de aceleração de partículas a altos níveis de energia, antes desconhecidos. Conheça mais do experimento brasileiro e detalhes sobre a operação no site da Agência Fapesp.