Brasil vive nó do 4G às vésperas de leilão

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 16/05/2012 às 15:57
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Mais velocidade, mais gente conectada, maior qualidade na telefonia. São muitas as promessas da tecnologia Long Term Experience (LTE), o mais difundido padrão para a quarta geração da banda larga móvel, a 4G. Em junho, o governo brasileiro realizará o primeiro leilão de espectro destinado a este serviço. Em jogo estará a faixa de 2,5 GHz, uma das poucas ainda disponíveis no espectro eletromagnético do País. Quem arrematar cada um dos quatro lotes (correspondentes a quatro regiões do Brasil), terá que investir pesado para, em apenas um ano, servir às cidades-sede da Copa do Mundo de ultrabanda larga sem fio via rede celular. As informações são do Jornal do Commercio.

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A pressa na instalação, que deveria ser uma boa notícia, poderá ser um problemão tanto para as operadoras quanto para o consumidor. O caso é que, mesmo se tudo correr bem, a experiência de uso da 4G em curto prazo não será boa. Pelas características técnicas da faixa destinada ao LTE no País, mais aspectos tecnológicos e de mercado, a realidade da nova rede será de grandes áreas de sombra no sinal, poucos usuários e aparelhos caros e raros.

Para o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, o impacto inicial da 4G será bem pequeno. “O preço dos equipamentos será caro e a adesão será pequena. Quando surgir a 4G, ela vai desafogar um pouco a 3G, mas bem pouco. E só funcionará dentro das grandes cidades”, diz.

O problema começa na escolha da faixa para o LTE no Brasil. O espectro de 2,5 GHz não é muito difundido para este padrão, apesar de seu uso estar previsto nas especificações técnicas do formato e ser possível em locais como a Europa. Nos Estados Unidos e no Canadá, no entanto, o formato adotado é o de 700 MHz. Os dois países são responsáveis por dois terços das conexões LTE do mundo, o que impacta diretamente na fabricação de aparelhos 4G, destinados ao mercado da América do Norte.

“Ainda não há escala global para LTE em 2,5 GHz. E vai ficar muito caro para as fabricantes colocar mais uma frequências nos aparelhos existentes. Imagine que cada equipamento 4G também terá que ser compatível com 3G simples, HSPA+, EDGE, e tudo em várias frequências diferentes. Adicionar também a compatibilidade com a 2,5 GHz ficará muito complexo”, diz Tude. A matéria completa está na edição de hoje do Jornal do Commercio.