Google fará página em protesto, Wikipedia e grandes sites sairão do ar. Entenda a controversa Sopa

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 17/01/2012 às 16:24
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Além da Wikipedia em inglês, outros sites anunciaram a interrupção das atividades para protestar contra a polêmica lei americana que visa responsabilizar donos de sites pelo conteúdo publicado por seus usuários. O agregador de notícias (e casa de muitos memes), Reddit e o Boing Boing, um dos mais populares sobre ciência e tecnologia disseram que ião parar. Já o Google irá fazer uma página inicial de protesto.

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Segundo o blog Cnet, citado pela Folha, o Google anunciou que colocará um link que levará à um comunicado explicando aos usuários que é contra a proposta de lei. Esta talvez seja a reação de maior repercussão até agora, já que a página inicial de buscas do Google é uma das mais acessadas em todo o mundo. A estratégia tem por objetivo forçar congressistas dos EUA a reverem o projeto.

"Existem formas inteligentes e certeiras de tirar sites nocivos do ar sem que seja necessário pedir a empresas americanas que censurem a internet", disse um porta-voz do Google ao Cnet. O Twitter também é contra, mas ainda não divulgou nenhuma forma de protesto. Já o Wikipedia vai interromper sua página em inglês por um dia.

Políticos americanos também trabalham para que a lei não veja a luz do dia. O líder da Comissão de Fiscalização e Reforma do Governo, o republicano Darrell Issa é um dos seus maiores opositores e começa a ganhar cada vez mais influência dentro do Congresso. "A voz da comunidade da Internet foi ouvida. É essencial que os membros do Congresso sejam mais elucidados sobre o modo de funcionamento da Internet, se quisermos discutir legislação anti-pirataria e alcançar um maior consenso”, disse ao site de sua comissão, citado pelo jornal português Público. Até mesmo a Casa Branca deu a entender que não curte muito a proposta."A Admnistração Obama não irá apoiar legislação que reduza a liberdade de expressão, que aumente o risco da cibersegurança ou que ponha em causa uma Internet global dinâmica e inovadora”, diz uma declaração postada no blog da Casa Branca.

Mas, o lobby da indústria do entretenimento é muito forte, e segundo eles, milhões de dólares já foram perdidos na luta contra a pirataria. O magnata australiano das comunicações Rupert Murdoch chamou o Google de "rei da pirataria" e acusou Barack Obama de "fazer conluio com empresas do Vale do Silício".

Entenda o Sopa

Sigla para Stop Online Piracy Act, ou Lei para Parar Pirataria Online, o Sopa tem dividido a opinião na indústria americana, bem como entre os políticos. Gigantes do entretenimento, como Warner, Sony, estúdios de Hollywood, TVs a cabo estão a favor, pois acreditam que esta é enfim, a legislação mais eficiente para driblar os downloads ilegais e as infrações aos direitos autorais.

Segundo a medida, os sites ficam responsáveis por tudo que é publicado neles por seus usuários. Se for postado algo protegido por copyrights, o proprietário do site poderá responder judicialmente pela infração. Isso vale para sites que publiquem áudio, vídeo, imagens e até mesmo páginas que vendem remédios feitos a partir de quebra de patentes proibidas nos EUA. A ideia é encontrar Entre as penas estão vetos a anunciantes e até o bloqueio da página, retirando do ar. A interpretação da lei poderia atingir páginas que abriguem links e sites que divulguem material protegido.

No entanto, juristas e profissionais de internet acreditam que a lei é falha, pois abriria brechas para censura preventiva, o que acabaria infringindo outros direitos básicos. Além do que, com os milhões de páginas no ar hoje em dia, a tarefa seria hercúlea e acabaria gerando uma distorção em relação à sua eficácia. Google, Facebook, Wikipedia, Fundação Mozilla, Foursquare, YouTube, AOL, Verizon, Human Rights Watch e Repórteres Sem Fronteiras, entre outros, estão contra a proposta.