Serttel quer levar sistema de bicicletas inteligente para cidades da Copa

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 09/01/2012 às 15:58
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Foto: Gustavo Rampini / Divulgação

No Rio de Janeiro, a opção de utilizar bicicletas como alternativa de transporte já é realidade. E não trata-se de um projeto experimental ou isolado em determinada região. O Bike Rio irá chegar a 600 bicletas espalhadas por 47 estações. A empresa pernambucana Serttel, que gerencia toda essa estrutura espera levar o projeto de sucesso para todas as cidades participantes da Copa do Mundo de futebol, em 2014.

A ideia é ambiciosa, mas viável. É o que pensa o presidente da empresa, Ângelo Leite, em entrevista ao MundoBit, em sua sede no Parqtel, na Várzea, no Grande Recife. "Toda cidade de médio a grande porte tem condições de instalar o sistema de bicicletas no transporte urbano", diz. Inaugurado em 2008, o Bike Rio já realiza 4 mil viagens por dia e já atingiu mais de 34 mil pessoas. É um índice mais alto que as cidades europeias.

O valor custa R$ 5 por viagem ou apenas R$ 10 para mensalistas. Cada viagem dura uma hora, com uma taxa de mais R$ 5 para o excedente. Tudo é informatizado, controlado remotamente e gerenciado por uma central de controle. O usuário usa o celular pra retirar a bicicleta, através de um aplicativo para iPhone e Android ou através de chamada de voz. Não há telas nem contato humano estações alimentadas por bateria solar, por questões de segurança. Depois do Rio de Janeiro, Sorocaba será a segunda cidade que receberá a iniciativa.

Foto: Paulo Floro/NE10

Mas, e por que Recife, cidade-natal da empresa, e uma das capitais com o trânsito mais comprometido ainda não recebeu essas bicicletas? Segundo Leite, tudo é uma questão de investimento, já que o sistema é complexo e caro. "A bicicleta precisa ter um dono. É muito importante ter um apoiador, seja o governo ou a iniciativa privada. E nisso o marketing conta muito". No Rio, o Itaú é parceiro da Serttel, que usou sua identidade visual para decorar os equipamentos e as estações. "Não teria o mesmo apelo se fosse algo imparcial, ou com propagandas.

Mas, ainda há desafios. Uma delas é trabalhar na população uma cultura de utilizar diferentes meios de transporte. A infra-estrutura das vias não chega a ser um empecilho, como pensam muitos. Para o empresário, a falta de ciclovias nas ruas não é impedimento para o uso de bicicletas. "No Rio, 40% das viagens entram nos bairros e nas estações de metrô. Acreditamos que com campanhas educativas é possível compartilhar vias para bicicletas.

Mapa das estações de bicicleta no Rio (Reprodução)

Leite afirma que existem conversas para instalar o mesmo sistema do Bike Rio no Recife. O mesmo vale para as cidades da Copa. Um pacote de soluções está sendo oferecido à grandes empresas para apoiar essas iniciativas de tecnologia sustentável aplicada ao trânsito. Principal problema urbano do Recife, o trânsito é uma das preocupações do atual governo de Eduardo Campos (PSB), que anunciou obras para desafogar o tráfego nas grandes avenidas. É o caso dos viadutos na Avenida Agamenon Magalhães, além da Via Mangue e obras de acesso. Mas, segundo Leite, é preciso de diversificar o transporte. "Nenhum gestor público vai obter sucesso aumentando via para carro".

Fundada há 23 anos, a Serttel começou trabalhando com consertos de orelhões, mas logo mudou o ramo de atuação para oferecer soluções de engenharia de trânsito. Hoje, ela administra toda a rede de semáforos do Grande Recife, várias cidades do Nordeste e São Paulo. O Grupo Serttel ainda tem duas empresas, a Samba, voltada para transportes sustentáveis (que genencia o BikeRio) e a Mobilicidade.