Marco Maciel, ex-vice-presidente da República, morre aos 80 anos

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José Matheus Santos

Publicado em 12/06/2021 às 8:17
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Morreu na madrugada deste sábado (12), aos 80 anos, o ex-vice-presidente Marco Maciel. Ainda não há confirmação da causa do falecimento.

Ele estava internado em um hospital particular de Brasília em decorrência de complicações do Mal de Alzheimer, que o acometia desde 2014. Ele deixa a mulher Anna Maria e três filhos.

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Foto: Luiz Cruvinel/Câmara dos Deputados Foto: Britto Jr/Câmara dos Deputados

O velório e o sepultamento ocorrem em Brasília, no Senado Federal, na tarde deste sábado (12), em cerimônia restrita aos familiares. O sepultamento está marcado para as 17h30 em um cemitério da capital federal.

Advogado e professor, Marco Maciel foi vice-presidente da  República de Fernando Henrique Cardoso por dois mandatos e exerceu diversos cargos públicos em sua trajetória política. Também foi deputado estadual (1967-1971) e federal (1971-1979) por Pernambuco, presidente da Câmara dos Deputados (1977-1979), governador de Pernambuco (1979-1982), ministro da Educação (1985-1986) e da Casa Civil (1986-1987) e senador (2003-2011).

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Trajetória

Marco Antônio De Oliveira Maciel nasceu em Recife (PE), em 21 de julho de 1940. É filho de José do Rego Maciel e Carmen Sylvia Cavalcanti de Oliveira Maciel. Dos três filhos e seis filhas do casal, só Marco Antônio optou pela vida pública, seguindo o exemplo do pai, que foi Secretário da Fazenda, duas vezes Deputado Federal, Prefeito do Recife, Promotor e Consultor-Geral do Estado.

Marco Maciel começou militando na política universitária na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco. Nessa época conheceu, na Universidade, a estudante de Sociologia Anna Maria Ferreira Maciel, sua esposa, com quem tem três filhos: Gisela (casada com Joel de Sant’Anna Braga Filho), Maria Cristiana (casada com Domingos Fernando Cavadinha Guimarães Filho) e João Maurício (casado com Ana Caroline de Oliveira Pereira Maciel).

Iniciou sua vida política ao ser eleito presidente da União Metropolitana dos Estudantes de Pernambuco, em 1963, realizando uma gestão que o levaria a romper com a cúpula da União Nacional dos Estudantes. A eleição para a UME contou com o apoio financeiro do IPES – Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, organização de direita criada no fim de 1961. Depois, se filiou a Arena, partido que apoiava o regime de ditadura militar então instaurado, e passou a atuar na política partidária na qual estreou em 1966 ao se eleger deputado estadual e a seguir deputado federal nos anos de 1970 e 1974.

No decurso de seu segundo mandato foi eleito presidente da Câmara dos Deputados em março de 1977, para o biênio 1977—1979 e em sua gestão, o presidente Ernesto Geisel decretou o recesso do Congresso Nacional, através do Ato Complementar 102 em 1º de abril de 1977, com o intuito de aprovar a reforma judiciária que fora rejeitada pelo parlamento que seria reaberto em 14 de abril, após a outorga de duas emendas constitucionais e de seis decretos-leis regulamentando a reforma do judiciário e a reforma política, esta última caracterizada pela instituição dos chamados senadores biônicos.

Contrário à supressão das prerrogativas do Congresso Nacional, Marco Maciel não tomou parte nas cerimônias que marcaram a vigência das medidas baixadas pelo Poder Executivo, mas fiel ao seu estilo discreto não polemizou a respeito do assunto e em sinal de reconhecimento por sua postura foi indicado governador biônico de Pernambuco pelo próprio Geisel em 1978.

Ao longo de sua gestão montou uma equipe de técnicos e políticos que cerraram fileiras nas eleições de 1982, quando o PDS pernambucano obteve um apertado triunfo, contra os oposicionistas do PMDB, tendo à frente o senador Marcos de Barros Freire, então candidato a governador. Eleito senador naquele ano, Maciel teve seu nome lembrado como uma das alternativas civis à sucessão do presidente João Figueiredo, em face, sobretudo, à sua grande capacidade de articulação.

Reeleito senador em 1990, Marco Maciel passou à condição de líder do governo Collor no Senado, função da qual declinou quando o processo de impeachment do presidente se apresentou irreversível. Em agosto de 1994 foi escolhido pelo PFL como o novo candidato a vice-presidente da República em substituição ao senador alagoano Guilherme Palmeira em virtude de denúncias de irregularidades na destinação de emendas orçamentárias que pesavam sobre esse último, sendo eleito e reeleito como companheiro de chapa de Fernando Henrique Cardoso, em 1994 e 1998, respectivamente. E. Sua postura discreta permaneceu inalterada, mesmo diante dos episódios que levaram ao rompimento do PFL com o governo federal às vésperas das eleições de 2002, nas quais Marco Maciel conquistou seu terceiro mandato como senador pelo estado de Pernambuco. Exerceu o cargo de senador de 2003 até 2011.

Em 2010, perdeu na tentativa de reeleição para o Senado. Foi a última eleição que disputou por Pernambuco.

Era notório torcedor do Santa Cruz, tanto que o estádio do time leva o nome do seu pai: José do Rego Maciel.

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