Secretário de Defesa Social passa quase três horas em reunião com deputados, mas não revela quem deu a ordem para PM agredir manifestantes no Recife

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José Matheus Santos

Publicado em 01/06/2021 às 15:58
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O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Antônio de Pádua, passou cerca de três horas reunido a portas fechadas com deputados estaduais na Assembleia Legislativa nesta terça-feira (1º).

O encontro começou por volta das 11h e terminou às 14h e teve a presença dos líderes do Governo, Isaltino Nascimento (PSB), e da Oposição, Antônio Coelho (DEM), juntamente com os presidentes das Comissões de Constituição, Legislação e Justiça, Waldemar Borges (PSB); de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular, Juntas (PSOL); e de Segurança Pública, Fabrizio Ferraz (PP).

Também marcaram presença membros desses colegiados: Aglailson Victor (PSB), Alberto Feitosa (PSC), Aluísio Lessa (PSB), Antônio Moraes (PP), Diogo Moraes (PSB), Henrique Queiroz Filho (PL), João Paulo Lima (PCdoB), Joel da Harpa (PP), Teresa Leitão (PT) e Tony Gel (MDB).

O secretário foi espontaneamente à Assembleia Legislativa, em diálogo com a cúpula da Casa Joaquim Nabuco.

Apesar de ter sido pressionado por deputados das oposições à esquerda e à direita, Antonio de Pádua não revelou de quem partiu a ordem para a ação repressiva de integrantes da Polícia Militar contra manifestantes no sábado (29) durante ato contra o presidente Jair Bolsonaro no Centro do Recife.

Antônio de Pádua (Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem)

"É o que está sendo apurado, por que aquele tiros de bala de borracha, se o protocolo é atirar na região abaixo da cabeça e por que foi acima da região que é determinada", disse o deputado Tony Gel (MDB), da base aliada do governo. "Reunião muito proveitosa, mas ainda existem perguntas que ainda precisam ser respondidas", acrescentou.

Segundo relatos dos parlamentares, o secretário Antônio de Pádua afirmou aos parlamentares que haverá inquéritos administrativos e criminais sobre o caso e não estipulou prazo para a conclusão das investigações.

"Ele só não respondeu ainda quem deu o comando, segundo ele estão sendo tomadas todas as providências através do inquérito que eles estão comandando", disse a deputada Jô Cavalcanti, do mandato coletivo Juntas (PSOL).

Apesar do governo estadual ter afirmado que não deu aval para a ação excessiva de policiais, Antonio de Pádua disse que não há politização nos quarteis e que está "tudo sob controle", conforme o deputado João Paulo (PCdoB) relatou à reportagem.

"Ele disse que não havia politização e ele disse que a policia está sob o comando do governador. Ele disse que está tudo sob controle".

"Uma das perguntas que eu fiz foi sobre se o monitoramento não percebeu que estava acontecendo excessos. E a resposta foi insatisfatória. Além desta impressão, acho que ficou patente um desencontro de comando entre eles", afirmou a deputada Teresa Leitão (PT), da bancada independente.

"O secretário informou que precisou sair por um momento, mas creio que ficaram outras pessoas na sala de monitoramento", disse a parlamentar.

O líder da oposição, Antônio Coelho (DEM), disse que quer apuração da verdade, sem compromissos ideológicos sobre o assunto.

"Nosso compromisso é com a verdade, queremos saber se houve excessos e de quem houve. Não podemos aceitar uma PM política e que eventualmente se comporte de alguma forma em umas manifestações a favor e de outras contra (Bolsonaro, lembro que em atos a favor de Bolsonaro houve detenções inclusive", disse Antônio.

O líder da oposição ainda declarou que quer a apuração sobre se houve excessos por parte dos manifestantes, como eventual depredação ao patrimônio público e agressões a policiais militares.

Para o deputado Alberto Feitosa (PSC), vice-líder da oposição, a ordem para a atuação da Polícia Militar foi do governador Paulo Câmara (PSB). A gestão estadual negou ter dado aval para excessos.

"A ordem é do comandante supremo da polícia militar, o governador, nada que é feito da PM tem um comando diferente. Se ele não deu a ordem, então ele não comanda a polícia", disse.

"Parece que Paulo Câmara depois de um mandato e meio não aprendeu a ser governador", criticou.

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