Especialista prevê agravamento da taxa de desemprego no país

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jamildo

Publicado em 29/04/2021 às 17:40
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O resultado da Pnad Contínua Mensal, que será divulgado amanhã (30), pelo IBGE, deve apresentar uma taxa de 14,4% de desemprego, de acordo com análise do economista e professor da Fipecafi, Samuel Durso. Isso representa aproximadamente 14,5 milhões de pessoas que estão fora do mercado de trabalho.

O período de referência do resultado é o mês de fevereiro deste ano, quando se tinha um cenário diferente, como comenta o especialista.

“É importante lembrar que, no período, o novo auxílio emergencial ainda não havia sido liberado pelo Governo Federal e os números da pandemia caminhavam para os piores resultados, obtidos em março e abril. Dessa forma, espera-se que a taxa de desemprego para fevereiro de 2021 continue nos patamares elevados que estamos percebendo desde o segundo semestre de 2020”, ressaltou.

Durso também fala sobre os setores que podem ser mais afetados. “Comércio e alojamento e alimentação podem se manter estáveis na Pnad de fevereiro, uma vez que o nível de ocupação reportada em janeiro para esses setores mostrou uma redução elevada. Para os demais setores, espera-se pequenas reduções, pressionando, no conjunto, a taxa de desocupação”, destacou.

O que esperar do mercado de trabalho

Para os próximos resultados da Pnad, dos meses de março e abril, é esperado um agravamento do desemprego no país, em decorrência da piora nas taxas de contaminação da Covid-19 em todos os Estados.

“Apenas no final de abril foi anunciado pelo Governo Federal um novo pacote de auxílio às empresas para manutenção dos postos de trabalho, com redução da jornada e suspensão de contratos. A demora para estabelecer medidas contingenciais deve gerar, para os próximos resultados da Pnad, um impacto negativo para o emprego, podendo chegar a uma taxa de desocupação a 15%, representando um total aproximado de 15 milhões de desempregados no país”, explicou Durso.

Para o professor da Fipecafi, as novas medidas de manutenção do trabalho anunciadas neste mês de abril, aliadas a continuidade da campanha de vacinação, deverão retornar parte da confiança do mercado, contribuindo para a geração de novos postos de trabalho. “O mais provável é que esses benefícios sejam percebidos apenas no segundo semestre de 2021”, disse.

Em relação a retomada da economia, o especialista aponta que as incertezas devem impactar negativamente o cenário para o mercado de trabalho.

“A economia só retomará o ritmo de crescimento quando a campanha de vacinação acelerar. Ainda estamos vacinando menos do que o necessário para imunizar toda a população adulta até o final do ano. Para o segundo semestre, quando a imunização estiver mais adiantada, é possível que as consequências negativas da pandemia percam o fôlego. Contudo, as incertezas políticas que rondam o mercado brasileiro ainda podem influenciar negativamente na economia, reduzindo o otimismo dos empresários e, consequentemente, impedindo a geração de novos postos de trabalho”, explicou.

Auxílio emergencial

Com o início do pagamento da nova rodada do auxílio emergencial muitas familias podem se beneficiar, mas para reduzir o desemprego é importante melhorar a confiança do mercado para que seja possível criar novos postos de trabalho.

“O novo auxílio emergencial, apesar de menor e menos abrangente do que o primeiro, deverá reduzir a pressão de algumas famílias pela busca de emprego. Se isso acontecer, haverá uma melhoria a taxa de desocupação para períodos futuros. Indivíduos que estavam procurando emprego, mas não conseguindo, com o auxílio emergencial, poderão utilizar o recurso para suas necessidades mínimas".

"Nesse cenário, ao parar de procurar, momentaneamente, uma colocação no mercado, esses indivíduos saem da categoria de “desocupados”. Contudo, é importante destacar que o auxílio, apesar de ser uma injeção de recursos importante para a economia, não garante por si só a geração de novos postos de trabalho. É necessário aumentar a confiança do mercado para que novos postos sejam criados pelas empresas. Para que isso aconteça de forma efetiva, uma campanha de vacinação forte mostra-se essencial”, afirma.

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