Genocidas à solta e a soldo. Por Roberto Numeriano

Imagem do autor
Cadastrado por

jamildo

Publicado em 19/04/2021 às 11:04
X

Por Roberto Numeriano, em artigo enviado ao blog

Desde o início da pandemia, entre meus conhecidos, colegas e aparentados já se foram dez pessoas.

Eram todos de classe média, com acesso a planos de saúde privados, sem comorbidades e com hábitos de vida saudáveis.

Apenas três desse total tinham mais de 70 anos.

Esses números falam por si mesmos sobre um crime e criminosos em série, matadores mesmo, que aqui e agora, diante do mundo e dos brasileiros, com o cinismo e a maldade típica dos desumanos, seguem ceifando milhares de vida diariamente.

Repitamos: diariamente.

Quem é o culpado central desse horror, dessa matança?

Sabemos todos seu nome e endereço.

Não é preciso nomear um dos nomes dos tantos políticos e gestores que, como anjos da morte das hordas de Satã, saíram das trevas desde o ódio social e o preconceito de classe da velha casa-grande contra o vasto engenho de assenzalados chamado Brasil.

São eles mais do que genocidas.

São, conforme o Estatuto de Roma, criminosos de lesa-humanidade, pois seus atos e omissões mataram, estão matando e estão sequelando para sempre milhares de vidas.

Como faremos para identificá-los e, a seguir, remeter à Justiça o rol de seus crimes covardes, similares às matanças históricas de armênios, judeus ou tutsis?

A CPI da Pandemia, ou melhor, do Genocídio, é o primeiro passo para instruir documentalmente o horror e desgraça diária do Brasil.

Os autores desse crime de lesa-humanidade estão à solta e a soldo de interesses que existem e podem ser descobertos pelo escrutínio da CPI.

A CPI e a Justiça devem ser implacáveis contra esses assassinos em série.

Qualquer "acordo político" para amenizar seus atos e omissões criminosas diante dos brasileiros e do mundo será uma traição, espécie de epitáfio de um país que até hoje não se transformou numa nação justamente porque, secularmente, renega seu povo mestiço, sua bela cultura, seu potencial fraterno e solidário contra todo tipo de opressão e preconceito.

Os maus e corruptos, essa horda maldita que a séculos nos esmaga, não podem sair impunes e intocáveis, porque, se assim for, teremos dado o passe-livre definitivo para legitimar o Estado hobbesiano absolutista que tudo pode e não está sob a fiscalização e controle de qualquer forma de soberania popular.

O nome disso é tirania. E não creio exagerar ao dizer, como cientista político, que o Brasil vive, de certa forma, sob uma espécie de tirania mitigada ou branca.

Só isso pode explicar o porquê dos homicidas em série não serem interditados em seus crimes que, a olhos vistos, sangram a vida e a moral de centenas de milhares.

Queira Deus e a razão dos homens e mulheres de boa vontade que esses criminosos sejam julgados e condenados.

E que sobre a memória dos seus malefícios seja colocado um marco divisor apontando, para as gerações futuras, onde foi gestado o primado da morte e onde começa a vida.

Roberto Numeriano apresenta-se como jornalista, professor e pós-doutor em Ciência Política.




Tags

Autor