'Fizeram tudo para derrotar João Campos e agora oferecem a vice ao PSB', diz Ciro Gomes sobre Lula e PT

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José Matheus Santos

Publicado em 18/04/2021 às 12:16
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O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), pré-candidato à Presidência da República, disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT "fizeram tudo" para derrotar João Campos na eleição de 2020 para prefeito do Recife e agora "oferecem" a vaga de vice do provável candidato petista na eleição de 2022 ao PSB.

"Quando Lula entra na disputa, faz tremer tudo o que está posto. Essa é a característica dele. Tenho afeto por ele, mas não admiração porque ele não tem nenhum tipo de escrúpulo ou limite. Então ele promete ao Guilherme Boulos (PSOL) que o apoiará ao governo de São Paulo, mas mantém a candidatura do Haddad. Em Pernambuco, fizeram tudo para derrotar o filho do Eduardo Campos no ano passado, mas agora Lula foi para lá e diz que sempre foi amigo de infância do PSB. Oferece o posto de vice ao PSB e, ao mesmo tempo, ao Josué Gomes", disse Ciro Gomes, citando também o filho do ex-vice-presidente José Alencar.

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Em 2020, o PT teve como candidata a prefeita do Recife a deputada federal Marília Arraes. No segundo turno, o PSB incentivou o antipetismo como estratégia para vencer o pleito. A campanha foi acirrada e com ataques entre as duas legendas após os pessebistas iniciarem a artilharia ao largarem atrás nas pesquisas eleitorais da segunda etapa da eleição.

A fala de Ciro Gomes foi em entrevista ao jornal "O Globo". Nela, o pedetista ainda cita que é de centro-esquerda e que buscou isso no PSDB e no PSB, mas "a inflexão" de Eduardo Campos, no caso desta última, fez com que ele deixasse o partido.

"A minha vida inteira busquei posicionamento de centro-esquerda. E agora achei a minha casa, porque no PSDB tentei isso, mas a inflexão de Fernando Henrique me fez sair; no PSB busquei isso, e a inflexão do Eduardo Campos me fez sair. Já no PDT, que tem a educação como preocupação central, estou encontrando muito conforto", afirmou Ciro.

Ciro Gomes deixou o PSB em 2013, quando Eduardo Campos começou a articular a sua candidatura a presidente em 2014. Na época, ao deixar a sigla, o ex-governador do Ceará cobrou "dignidade" e "compostura" do então governador pernambucano.

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"O Eduardo (Campos) diz que eu sou a voz isolada dentro do PSB. Ora, eu estou cansado de saber que sou voz isolada. A questão não é essa. É como alguém quer ser o presidente da República e não se sente obrigado, constrangido e estimulado a andar pelo país, visitar o Brasil e falar o que pensa, o que está errado. Porque se o cara é candidato contra a reeleição da Dilma, primeiro ele tem que sair do governo. Sou um velho que cultiva lealdade, coerência, decência", afirmou Ciro em 2013.

Naquele momento, Eduardo Campos começou alianças com políticos do campo da direita para viabilizar sua postulação à presidência e amarrar palanques estaduais, enquanto ainda mantinha aliados em cargos no governo da então presidente Dilma Rousseff (PT).

PSB entre as prioridades

Na entrevista ao repórter Paulo Capelli, Ciro Gomes ainda colocou o PSB entre os partidos prioritários para formar uma aliança na eleição de 2022.

"Com o DEM há conversa que já deu frutos. Com apoio do PDT, que indicou a vice, o candidato do ACM Neto, presidente do DEM, venceu a eleição no primeiro turno em Salvador. Com o PSD, fomos de apoio ao Kalil em BH e iremos apoiá-lo no ano que vem ao governo de Minas. A nossa tática, do PDT, é agrupar PSB, PV, Rede, como fizemos em muitas cidades em 2020, e expandir aliança para a centro-direita com o DEM e o PSD. Muitas dessas conversas são conduzidas pelo (presidente do PDT) Carlos Lupi, único que fala 100% por mim", disse Ciro.

Ciro Gomes ainda disse, na entrevista a "O Globo", que, se houver novamente um segundo turno entre Jair Bolsonaro e o candidato do PT, não apoiará algum dos dois novamente, como fez em 2018.

"Em 2018, muitos na esquerda o criticaram por viajar para Paris no segundo turno da eleição, em vez de declarar apoio a Haddad contra Bolsonaro. O senhor se arrepende disso?", perguntou o repórter, ao passo que Ciro respondeu: "Pelo contrário. Eu faria hoje com muito mais convicção. Em 2018, fiz com grande angústia. Aquela eleição já estava perdida. Mesmo somando meus votos com os do Haddad, não alcançaríamos Bolsonaro. Lula mentiu para o povo dizendo que era candidato quando todos sabiam que não seria. Manipulou até 22 dias antes da eleição, deixando parte da população excitada".

"Como brasileiros não podem viajar para a França pela pandemia, nesse caso vou para Tonga da Mironga do Kabuleté (referência à música de Vinicius de Moraes e Toquinho)", afirmou Ciro.

Ciro Gomes ainda foi questionado se a subida no tom não inviabilizaria o eventual apoio do PT caso vá para o segundo turno contra um candidato que não seja Lula. "O lulopetista fanático não me apoiará. Prefere Bolsonaro. E falo isso como alguém que foi contra o golpe de Estado contra Dilma, apesar de ela ter desastrado o país. No Senado, Renan Calheiros e Eunício Oliveira apoiaram o impeachment. Aí, eu parto para cima dessa gente. E, um ano depois, lá está Lula agarrado a eles. E ainda tem quem ache que devo alguma coisa ao PT. Nunca mais faço aliança com eles", respondeu o pedetista.

Ciro ainda definiu Bolsonaro como "genocida", o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), como alguém que "não conhece o Brasil", o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) como "bem intencionado", o apresentador Luciano Huck como "animador de auditório" e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como "ególatra".

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