Para advogado, novo plano de recuperação judicial do Atlântico Sul prejudica credores

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jamildo

Publicado em 15/04/2021 às 14:00
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O advogado Hebron Cruz de Oliveira, que representa a Engita, empresa que tem a receber junto ao EAS de mais de R$ 50 milhões, reclama da “institucionalização de um calote”, se e aprovado na assembleia de credores desta sexta-feira (16/04), o Plano de Recuperação Judicial (RJ) do Estaleiro Atlântico Sul.

"O plano massacrará, de vez, os credores. Principalmente, os menores. Mas os grandes, como BNDES que tem a receber mais de R$ 870 milhões, também vão amargar um belo prejuízo. Um dos principais pontos da proposta prevê o perdão de até 90% das dívidas e parcelamento do saldo restante em até 15 anos".

Cruz de Oliveira disse que a insatisfação é evidente entre grande parte dos credores. Para esse grupo, do qual a Engita faz parte, a melhor forma de recuperar o prejuízo será a decretação da falência do Atlântico Sul.

“Estimamos que o patrimônio do estaleiro esteja, hoje, na casa dos R$ 5 bilhões. O total de dívidas acumulada pelo estaleiro está em R$ 2,3 bilhões. Nesse caso, a nossa previsão seria que em até cinco anos todo o passivo estaria liquidado”.


Na avaliação desses credores, muito dos quais foram severamente abalados com a inadimplência do EAS (alguns chegando a suspender as operações ou estejam prestes a fazê-lo), a falência aceleraria a recuperação dos recursos.

“Isso vale, inclusive, para os trabalhadores”, observa.

Segundo o advogado os empregados correm sérios riscos de serem prejudicados mesmo em caso de ações ganhas na justiça.

“O EAS só reconhece no plano de recuperação dívidas como salários, FGTS, férias e décimo-terceiro. Horas extras, insalubridade, danos morais e honorários advocatícios, por exemplo, estão de fora”.

O advogado diz que mesmo com a aprovação da RJ ainda levará um bom tempo para que os credores, de fato, venham a receber alguma coisa.

“Nossa estimativa é que esse intervalo seja de, pelo menos, três anos”, assinala.

Pelo ralo?

O advogado lembra que além dos prejuízos causados à iniciativa privada e aos trabalhadores, o estaleiro também está causando grandes perdas ao erário. Fora o BNDES, há débitos junto a Petrobras (R$ 119 milhões) e Caixa Econômica Federal (R$ 31 milhões). “É dinheiro público, do contribuinte, indo literalmente pelo ralo”, lamenta. Outro credor importante é o Bradesco. O EAS deve a instituição financeira cerca de R$ 60 milhões.

O advogado enfatiza que, da forma como está proposta, a recuperação judicial do estaleiro aumentará os já sérios prejuízos a todos envolvidos no processo caso venha a ser aprovada. Motivo pelo qual, ele enfatiza que a Engita e o grupo de credores lutarão em todas as instâncias.

“É uma vergonha se essa RJ prosperar dessa forma”.

Com a palavra, o estaleiro de Suape, caso entenda necessário

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