Parte da população de Aldeia 'exige' novo traçado para Arco Metropolitano

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jamildo

Publicado em 11/04/2021 às 13:35
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Uma parte do moradores de Aldeia está se mobilizando contra a instalação do Arco Metropolitano no trecho norte, que liga a BR 101 em Igarassu a BR 408 em São Lourenço, no traçado hoje sugerido pelo Governo do Estado.

A luta de parte da sociedade civil contra o modelo proposto que atravessa a Unidade de Conservação APA Aldeia-Beberibe e atinge remanescentes de Mata Atlântica, ganhou, esta semana, uma campanha institucional que tem como palavra de ordem o “Arrudeia!”.

"Nada mais que um apelo firme e forte para que o desenho seja revisto e o arco “arrodeie” Aldeia, livrando as matas da Pitanga e do Exército de uma futura destruição. A mudança que a sociedade propõe é viável e acrescenta menos de 20 quilômetros ao traçado hoje proposto", dizem.

A campanha consta de logomarca, com o bicho-preguiça, encontrada em Aldeia, cartazes, ações de comunicação, redes sociais, além de uma intensa articulação junto à comunidade, culminando com o abaixo assinado que será encaminhado às autoridades. Sob coordenação do Fórum Socioambiental de Aldeia, entidade que, há 17 anos, coordena ações daquela região formada por áreas de oito municípios do Grande Recife.

A luta do Fórum, afirmam e reafirmam os dirigentes da instituição, não é contra o Arco Viário Metropolitano, obra reconhecida como importante e necessária, mas sim contra o traçado proposto pelo Governo do Estado, que, se materializado, provocará enorme degradação ambiental.

“Deve ficar claro que não somos contra o Arco. Quem de bom senso se oporia a uma obra que trará tantos benefícios à região, que desafogará gargalos como o de Abreu e Lima e beneficiará todo mundo? Não aceitamos é que, em nome desse desenvolvimento, se destrua a natureza, colocando em risco áreas importantes de mata, mananciais e reservas ecológicas. O traçado está equivocado e deve mudar”, afirma Herbert Tejo, presidente do Fórum de Aldeia.

Na próxima terça-feira (13), ele reunirá moradores de uma dessas áreas de Aldeia, a de Paudalho, quando serão apresentadas oficialmente as linhas da campanha.

Posteriormente, um encontro será realizado com moradores de toda a região.

Herbert Tejo ressalta que essa é a terceira tentativa de emplacar praticamente o mesmo traçado.

"Uma saga obstinada que insiste na destruição dos poucos fragmentos de Mata Atlântica no estado. A luta de resistência da comunidade teve início em 2012, quando o traçado do Arco foi proposto por um consórcio liderado pela Odebrecht. Confrontada, a iniciativa resultou em fracasso. Em 2014 foi a vez da licitação do DNIT, que se utilizou de traçado semelhante, desenvolvido e pago pelo erário estadual, e impugnada pelo Fórum, também resultou em fracasso. Ambas as tentativas malograram em função de problemas ambientais. Para surpresa de todos, o Governo do Estado, através da AD DIPER, lançou, agora, um edital para contratação de um Projeto Básico e Estudos Ambientais para o trecho Norte e anuncia como Traçado Proposto exatamente o traçado licitado pelo DNIT e rejeitado, na época, pelo próprio CPRH e pelo Ministério Público Federal”, explica.

O presidente do Fórum lembra, ainda, que se trata do mesmo traçado que faz o Arco passar por terras de duas usinas (Petribu e São José), atingindo o que resta de reservas da mata.

“Nossa proposta evita tudo isso e ainda abre caminho de novas perspectivas econômicas para a região oeste, beneficiando Araçoiaba e outras cidades de uma região pobre e desassistida. Propomos alternativa sem degradar um dos biomas mais ameaçados do planeta, que é a Mata Atlântica. Ou o que resta dela”, reforça Tejo.

ARRUDEIA!

A campanha encabeçada pelo Fórum foi amplamente discutida pela comunidade e por amigos de Aldeia. O autor da marca que, a partir de agora, personifica a luta dos aldeienses contra o atual traçado do Arco Metropolitano, é o pernambucano Jorge Hopper (59), designer com vasta experiência em publicidade e campanhas políticas e institucionais. Ele não mora em Aldeia, mas abraçou a causa em nome da preservação da natureza e do bem estar dos moradores.

Jorge Hopper conta que se procurou utilizar uma expressão bem popular para passar a mensagem de que o Arco deve, sim, ser feito, mas com outro traçado.

 “Arrudeia, corruptela de arrodeia, traduz bem o sentimento da comunidade. E a preguiça entrou na marca por ser um animal simpático, muito comum em Aldeia e muito tranquilo. Como se pretende que o lugar continue sendo”.

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