Danilo Gentili presidente

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jamildo

Publicado em 06/04/2021 às 13:38
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Por Vítor Diniz, estrategista e mestre em Ciência Política pela USP.

Você acharia absurda a vitória de Danillo Gentili em 2022?

Poderia um humorista vencer as eleições, derrotando Lula e Bolsonaro, dois líderes com apoio cristalizado de quase metade do eleitorado?

Ao redor do mundo, humoristas começam a aparecer como forças políticas poderosas, sendo o exemplo mais recente o apresentador Slavi Trifonov, da Bulgária.

Antes de analisar com mais detalhes a possível candidatura Gentili, é preciso dizer que as pesquisas indicam um caminho aberto para a construção de uma terceira via política no Brasil.

Pesquisa recente do IPE Estratégia, aponta que 38% dos entrevistados não querem votar nem em Bolsonaro nem em Lula no primeiro turno em 2022. É um percentual bastante razoável e deve servir de combustível V-power para os possíveis competidores.

Ninguém está dizendo que a 3º  via vencerá, que será fácil pavimentá-la.

A questão, como está claro a partir da análise fria dos dados, é que o brasileiro está pronto para pelo menos ouvir o que um candidato fora do bolsonarismo-lulismo tem a dizer.

Esse já é um fato muito importante.

Voltemos ao humorista Danilo Gentili.

Antipetista ferrenho há quase uma década, Gentili percebeu já no começo de 2019 que o bolsonarismo é um movimento que exige 100% de alinhamento, sem espaço para críticas construtivas.

O humor político, sem limites, sempre marcou a carreira do humorista. Na política, posicionamentos contundentes e exagerados têm repercussão muito maior, ainda mais em ambientes de extrema radicalização do discurso.

Não é exclusividade do Brasil: é um movimento mundial de radicalização, em que praticamente todos os assuntos do cotidiano viram palco de disputas políticas, de narrativas.

É assim que tem funcionado.

O caminho para uma 3º  via passa necessariamente pela construção de um discurso firme e que chame a atenção do eleitorado. Contundência e clareza não devem ser confundidas com disparates, xingamentos ou gritaria.

Não está claro se o humorista e apresentador está fazendo piada ou se de fato pensa em se candidatar.

Na verdade, isso pouco importa no momento.

Gentili está aproveitando para testar sua popularidade e, mais importante, o alcance de seus posicionamentos. A mídia tradicional não leva a candidatura a sério, mas as redes passaram a tratar do assunto quase que diariamente.

Mais importante do que a possível candidatura, é o discurso que embala a empreitada: a aposta no antipetismo e no antibolsonarismo como plataforma política.

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