PSB avalia situação de Lula e ventila nova aliança com PT para fortalecer Geraldo Julio em 2022 em Pernambuco. PDT pode ser rifado

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José Matheus Santos

Publicado em 09/03/2021 às 11:52
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Após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltar a ser elegível com a anulação nas condenações na Operação Lava Jato, o cenário das eleições para 2022 passou a ser reavaliado no âmbito nacional. Em Pernambuco, a situação não é diferente, sobretudo nos partidos PSB, PT e PDT.

Para 2022, o PSB tem como provável candidato a governador o ex-prefeito do Recife e atual secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Geraldo Julio, na tentativa de suceder Paulo Câmara. O PT, por sua vez, até então, tem como nome mais cotado o senador Humberto Costa.

No caso do PT, o objetivo de lançar Humberto seria para fazer um palanque para Fernando Haddad (PT) na eleição presidencial. Agora, com Lula elegível - e se isso se efetivar até as convenções partidárias do próximo ano, os planos podem priorizar uma aliança em torno da factível candidatura do ex-presidente ao Palácio do Planalto.

Três fontes do PSB ouvidas pelo Blog na noite da segunda-feira (08) e na terça-feira (09) preferiram não se manifestar publicamente sobre o assunto. Mas são unânimes: uma aliança do PSB em Pernambuco com o PT é possível e uma aliança entre Geraldo Julio e Lula traria benefícios eleitorais para ambos.

Na composição, o PT poderia sacrificar Humberto Costa para governador, que até o momento não confirmou publicamente a intenção de disputar, em prol de um apoio do PSB, ou de parte dele, a Lula no âmbito nacional.

A avaliação de parlamentares do PSB é de que, com a alta popularidade de Lula no estado, sobretudo no interior, a eleição de Geraldo Julio (PSB) para governador ficaria mais segura, diferentemente de uma aliança com o PDT, de Ciro Gomes - menor potencial de votos no estado em relação a Lula, historicamente.

"Quem traria mais benefícios para o nosso palanque? Uma aliança com Ciro Gomes ou com Lula, sendo candidato?", resume um integrante do PSB de Pernambuco.

Um deputado do PSB, de outro estado, é contrário à aliança do PSB com o PT e defende um movimento em prol de nomes de centro, como Luciano Huck. "O momento pede equilíbrio", afirma. Entretanto, o parlamentar admite: "quem comanda o PSB é o grupo de Pernambuco".

E o PDT?

Nesse cenário, um dos maiores prejudicados seria o PDT, que pretende lançar como candidato a presidente o ex-ministro Ciro Gomes. Pedetistas veem com cautela a possibilidade de um afastamento com o PSB.

"Muito precipitado. Zerou o processo de Lula, deve ter a instrução na Justiça Federal de Brasília que anda rápido. Em 1 ano e meio, é muito possível que haja julgamento", diz uma fonte do PDT.

"É um aliado nosso de primeira hora (o PSB), mas é um partido autônomo e está no legítimo direito de seus interesses. E o PSB vai aliar aquilo que for pertinente para si", acrescenta outro pedetista, sob reserva.

A aliança com o PSB é tratada como "plano A" do PDT. Em 2020, os dois partidos estiveram juntos em eleições de capitais, como Maceió, Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, com a dobradinha de João Campos e Isabella de Roldão.

Acordão em 2018

Em 2018, o PSB não apoiou o PDT e ficou “neutro” na eleição presidencial. Em Pernambuco, estado do grupo mais forte do PSB, os pessebistas apoiaram Fernando Haddad (PT) para presidente, em 2018. Dois anos antes, o PSB apoiou o impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

PT e PSB fizeram acordo de bastidor em 2018. O PT retirou a pré-candidatura Marília Arraes para o Governo de Pernambuco e apoiou Paulo Câmara. E o PSB rifou aliança provável com Ciro Gomes e apoiou o PT em Pernambuco.

O palanque em Pernambuco, além de Paulo Câmara e da vice Luciana Santos (PCdoB), juntou Humberto Costa (PT) e Jarbas Vasconcelos (MDB), que foram candidatos e eleitos para o Senado Federal.

Em 2020, no Recife, PT e PSB estiveram em campos opostos. O PSB lançou João Campos, com apoio do PDT, e o PT lançou Marília Arraes, que perdeu no segundo turno para o filho do ex-governador Eduardo Campos.

João Campos e Paulo Câmara se manifestam sobre anulação

Pelas redes sociais, o governador do Estado, Paulo Câmara, disse que a reconquista dos direitos políticos pelo ex-presidente Lula seria uma vitória importante do campo progressista que "fará diferença no fortalecimento da democracia e no futuro do Brasil".

Sem citar o nome de Lula, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), comemorou indiretamente, no Twitter, a anulação das condenações do ex-presidente na Operação Lava Jato.

Eleito no Recife em 2020 após uma campanha dura contra o PT, que tinha Marília Arraes como candidata, apoiada por Lula, João Campos disse que o respeito à lei deve prevalecer sobre qualquer paixão política.

"A democracia e o respeito à Lei devem prevalecer sobre qualquer paixão política. Essa é uma questão de Justiça, não de ideologia", afirmou o prefeito.

"A nossa Constituição garante o direito soberano a qualquer brasileiro(a) de ser julgado(a) dentro da legalidade e dos preceitos da imparcialidade e impessoalidade. Independente da coloração partidária", acrescentou João Campos no Twitter.

João Campos chegou a postar a mesma mensagem no Instagram, rede social de maior alcance, mas minutos depois apagou a publicação.

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