Mais de um mês após rompimento do PT com o PSB, esposa de João da Costa segue em cargo no Governo de Pernambuco

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José Matheus Santos

Publicado em 23/02/2021 às 13:13
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Quarenta dias após o rompimento do PT com o PSB em Pernambuco, Marília Bezerra segue na presidência da Empresa Pernambucana de Transporte Coletivo Intermunicipal (EPTI). Ela é esposa do ex-prefeito do Recife e ex-vereador João da Costa (PT).

Marília Bezerra foi nomeada para a função em fevereiro de 2019, no início do segundo mandato de Paulo Câmara no Governo de Pernambuco, quando os dois partidos estavam próximos em Pernambuco após a aliança nas eleições de 2018.

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Na época, quando Marília Bezerra foi nomeada pela primeira vez para o cargo, as notas de política informaram que era uma indicação do senador Humberto Costa (PT). Naquele período, João da Costa tinha acabado de assumir um mandato como vereador, após a posse da então vereadora Marília Arraes (PT) como deputada federal.

Em 2020, a esposa de João da Costa foi reconduzida ao cargo à frente da EPTI.

Apesar de continuar na estatal do Governo de Pernambuco, a presença de Marília Bezerra no Governo de Pernambuco não tem sido debatida internamente no PT, segundo apurou o Blog com fontes das alas próxima ao PSB e da ala crítica aos pessebistas.

A EPTI tem como competência a gestão do Sistema de Transporte Coletivo Intermunicipal de Passageiros do Estado de Pernambuco – STIP, envolvendo o planejamento, a implementação, a fiscalização e a outorga a terceiros dos serviços a ele relacionados. Competindo-lhe planejar e definir a rede de transporte coletivo intermunicipal de passageiros e coordenar a sua implantação.

Nesta segunda-feira (22), a EPTI abriu um chamamento público para "estabelecer o credenciamento de empresas gráficas interessadas em produzir adesivos de identificação do transporte intermunicipal de passageiros, obedecendo a características e especificidades de cada modalidade de fretamento". 

O chamamento é assinado por Marília Bezerra no Diário Oficial do Estado de Pernambuco desta terça-feira (23), com a data alusiva ao dia anterior.

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Na pré-campanha eleitoral, João da Costa faz parte da ala petista que defendia aliança com o PSB nas eleições do Recife, preterindo Marília Arraes, que acabou candidata por determinação da Direção Nacional do PT.

No início da campanha, João da Costa fez críticas indiretas a Marília Arraes ao insinuar que a então candidata estaria "escondendo" o vermelho do PT nos atos de campanha.

Durante o segundo turno, João da Costa afirmou apoiar Marília Arraes na eleição para a Prefeitura do Recife. Ele foi alvo de críticas da campanha de João Campos sobre o período em que foi prefeito do Recife.

Em uma manifestação durante o segundo turno em uma rede social, o ex-prefeito prometeu "abrir a Caixa de Pandora na hora certa".

Foto: Divulgação

PT rompeu com o PSB em janeiro em Pernambuco

O PT de Pernambuco oficializou, por meio de nota, no dia 14 de janeiro, o rompimento com o governo Paulo Câmara e a entrega de cargos na gestão estadual.

"É uma consequência política do acirrado enfrentamento eleitoral municipal de 2020, especialmente no Recife, onde recebemos da campanha do PSB tratamento inaceitável, desrespeitoso e incompatível com o histórico de relacionamento de nível elevado entre nossas siglas", disse trecho de nota do PT.

No Recife, no segundo turno, houve um acirramento por parte do PSB, do então candidato João Campos, em relação ao PT, que tinha Marília Arraes como candidata.

Ainda de acordo com o PT de Pernambuco, o rompimento da aliança com o PSB ocorreu por influência da direção nacional da sigla petista.

"Decorre também da posição da direção nacional do PT que não produziu nenhuma manifestação pública ou reservada que demonstrasse o interesse em preservar nossa participação no governo como espaço facilitador de conversas entre as duas siglas em nível nacional", afirmou a nota do PT de Pernambuco, assinada pelo presidente estadual da sigla, Doriel Barros, em janeiro.

Além de Doriel, a bancada de deputados estaduais do PT tem Dulcicleide Amorim e Teresa Leitão. O trio agora é independente na Assembleia Legislativa de Pernambuco.

No Governo de Pernambuco, o PT teve o secretário de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco, Dilson Peixoto, por indicação da ala próxima ao senador Humberto Costa.

Os petistas decidiram pelo rompimento no plano estadual após a campanha acirrada em ataques entre os dois partidos na disputa do segundo turno pela prefeitura do Recife entre João Campos e Marília Arraes.

Em Pernambuco, o PT foi aliado ao governador Paulo Câmara (PSB) até 14 de janeiro, apesar de divergências internas na sigla após o segundo turno da eleição para a prefeitura do Recife.

Na capital pernambucana, a legenda petista acabou derrotada com Marília Arraes pela candidatura de João Campos (PSB).

O PT elegeu três vereadores na cidade: Liana Cirne, Jairo Britto e Osmar Ricardo. Este último é próximo ao PSB, enquanto os outros dois são de oposição.

O PT ocupou cargos na gestão do ex-prefeito Geraldo Julio no Recife. Até outubro, o partido comandou a Secretaria de Saneamento do Recife com Oscar Barreto (PT), também da ala petista que defendia aliança com o PSB nas eleições municipais.

No âmbito estadual, o PT comandou a Secretaria de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco com Dilson Peixoto e teve cargos nos segundos e terceiro escalão da gestão estadual. O partido participou da coligação de 2018 em que Paulo Câmara (PSB) foi reeleito governador e Humberto Costa foi um dos senadores eleitos, junto com Jarbas Vasconcelos (MDB).

Marília Arraes e João Campos, candidatos ao segundo turno nas eleições 2020 no Recife Marília Arraes e João Campos, candidatos ao segundo turno nas eleições 2020 no Recife

João Campos endossou antipetismo no Recife

Na eleição do Recife, após fazer, no primeiro turno, uma campanha com tom propositivo e explorando a imagem da juventude do candidato João Campos, no segundo turno, o tom mudou no discurso do PSB. Largando atrás segundo as pesquisas de intenções de voto, o partido adotou como estratégia o antipetismo na capital, sobretudo no eleitorado conservador e da classe média.

Também houve difusão de panfletos apócrifos em frente a igrejas e templos religiosos com mensagens apontando a candidata Marília Arraes como contrária ao cristianismo e contra a Bíblia. A autoria não foi identificada pela Justiça Eleitoral, mas um juiz eleitoral determinou que a campanha de João Campos se abstivesse de divulgar os materiais e se prontificasse a evitar a sua disseminação pela cidade.

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