Alerta máximo. Por Ricardo Leitão

Imagem do autor
Cadastrado por

jamildo

Publicado em 11/01/2021 às 14:25
X

Por Ricardo Leitão, em artigo enviado ao blog

Há quem defenda ser urgente o exame psiquiátrico de Jair Bolsonaro.

O presidente da República estaria demonstrando um comportamento esquisito, cada vez mais imerso em um mundo fantasioso.

Sua reação diante da invasão do Congresso dos Estados Unidos, insuflada pelo Presidente Donald Trump, foi o último – e extremamente preocupante - exemplo.

Ao contrário de líderes políticos de todo o mundo, Sua Excelência não condenou a violência das milícias, que deixou quatro mortos e 14 feridos.

Justificou o vandalismo como sendo “falta de confiança no voto”porque “houve gente lá (nos EUA) que para derrotar Trump votou três, quatro vezes”, continuou. “Mortos também votaram”.

Sem pestanejar, prosseguiu: “Houve fraude, como Trump alertou e denunciou. Da mesma forma que houve fraude aqui no Brasil, em 2018. Eu ganhei as eleições já no primeiro turno, mas fui forçado a disputar o segundo”.

Como Trump, seu líder espiritual, Bolsonaro nunca apresentou qualquer prova de que tenha sido fraudado em 2018. Mas em seu mundo fantasioso, trata-se apenas de um detalhe.

Na eleição presidencial marcada para 2022 o importante será vencer, empunhando qualquer arma. Disputa democrática é “coisa de maricas”.

Então desde já o Capitão trata de corroer as instituições que lhe pareçam incompatíveis com seu projeto de reeleição.

Em primeiro lugar, o voto eletrônico, eficiente e seguro há 24 anos. Passou a defender o voto impresso, que segundo ele impediria fraudes. O Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) são contrários. Não importa. O importante é alimentar a insegurança e tumultuar o processo eleitoral, para depois contestar o resultado na Justiça – se lhe for desfavorável. Exatamente como fez Trump nos Estados Unidos, em relação à votação pelos Correios.

Outra ação importante será manter, sempre mobilizadas, as milícias que confrontam seus adversários nas ruas e nas redes sociais. Essas quadrilhas – algumas financiadas por empresários da extrema direita – foram essenciais na campanha e continuam a atuar nos tempos do Governo. São responsáveis por episódios burlescos do bolsonarismo, como o “bombardeio” da sede do STF com rojões e o bloqueio do portão do Comando das Forças Armadas, em Brasília. Nessa segunda manifestação, portando faixas que exigiam a intervenção militar no Executivo e o fechamento do Judiciário e do Congresso, as milícias contaram com a debochada presença do presidente da República, saudando a horda a bordo de um veículo oficial e afrontando ostensivamente a Constituição.

A cada passo, Bolsonaro segue o seu líder.

Com Trump defenestrado do poder, que rumo poderá tomar?

O presidente norte-americano errou ao esticar demais a corda, perder o controle de suas quadrilhas e terminar os dias na Casa Branca como um golpista. No momento, o Capitão está tão aturdido quanto um vírus sedento da covid-19 num lago de cloroquina.

Continua atolado em crises que não param de crescer, e aí mora o perigo: ele pode aceitar tutela ainda maior dos militares, se dobrar de vez à direita no Congresso e radicalizar o discurso contra a esquerda, como prévia da campanha presidencial, dentro de dois anos.

No melhor de seu estilo, ecoando o caos trumpista, já abriu a caixa de ameaças, novamente tentando desacreditar o voto eletrônico: “Estou avisando. Se não tivermos o voto impresso em 2022, uma maneira de auditar o voto, vamos ter problema pior que nos Estados Unidos”.

Sua Excelência não antecipou o que poderá fazer, mas certamente não ficará parado, acreditando que no Brasil tudo se ajeita e que seus adversários nunca chegarão a um candidato consensual de oposição. Será?

O tempo corre, a tensão aumenta, afiam-se as facas. Alerta máximo: o presidente da República necessita de urgentes cuidados profissionais.

Tags

Autor