
Cuidar da vida das mulheres precisa ser política de estado. Por Dani Portela
por Dani Portela, ex-candidata a governadora nas eleições de 2018, advogada e membro do Conselho de Advocacia Popular da OAB Pernambuco
OUVI DIZER QUE NUMA MULHER
NÃO SE BATE NEM COM UMA FLOR
LOIRA OU MORENA, NÃO IMPORTA A COR
NÃO SE BATE NEM COM UMA FLOR.
JÁ SE ACABOU O TEMPO
QUE A MULHER SÓ DIZIA ENTÃO:
XÔ, GALINHA!
CALA A BOCA, MENINO!
AI, AI, AI NÃO ME DÊ MAIS NÃO!
(Cala boca, menino! – Capiba)
Dançante, de refrão fácil, embora enigmático, que tocava de forma “divertida” um tema triste – o da violência contra a mulher. Uma música frequentemente cantarolada por aqui em meios a sombrinhas coloridas e bonecos gigantes, que chama atenção para um tema sério e nada divertido. A mulher dos versos de Capiba era, simultaneamente, uma mulher e um gênero, o feminino.
Ontem, 25 de novembro é o dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as mulheres. Em todo mundo, acontecem ações pelo enfrentamento a violência de gênero, que se tornou um grave problema na contemporaneidade, constituindo um verdadeiro desafio para consciência do nosso tempo.
Nossa história é marcada por grandes mulheres que abriram caminho para essa luta tão importante, por isso o dia de hoje é justamente dedicado as irmãs Mirabal, três combatentes da ditadura de Rafael Leónidas na República Dominicana. Foram assassinadas por lutar em defesa dos direitos humanos e da democracia.
No Brasil, os números são estarrecedores. Se alguém acha que é exagero, vamos às estatísticas que não nos deixam mentir. A cada dia três mulheres são vítimas de feminicídio no Brasil, de acordo com a Atlas da Violência 2019. A cada 2 minutos, uma mulher registra uma agressão sob a Lei Maria da Penha; a cada nove minutos, uma mulher é vítima de estupro. Em 2018, cerca de 61% das mulheres vítimas de feminicídio eram negras, segundo o mesmo Atlas da Violência.
Precisamos visualizar outros extratos, com vários níveis de olhares sobre o tema, buscando traçar um plano de escavação, para descer a camadas mais profundas e de sentidos nem sempre revelados por essas práticas.
Sabemos que estes números são subnotificados. Muitas mulheres não procuram o poder público quando são violentadas. Ao pensarmos na realidade de Pernambuco, existem poucas delegacias especializadas. Muitas não funcionam 24h e em inúmeros municípios sequer existe uma. Sendo assim, surge uma questão: por que o cuidado com a vida da mulher não é uma prioridade para o estado? Precisamos urgentemente investir em prevenção. Para isso a educação tem um papel fundamental para conscientizar as pessoas sobre os direitos das mulheres.
É urgente que mais mulheres ocupem os espaços de decisão e poder. No Legislativo, onde as leis são criadas; e no Executivo, onde as decisões são tomadas; precisamos de mais mulheres. A caneta precisa estar também nas nossas mãos. Só assim, com mais mulheres como sujeito de direitos, teremos uma sociedade melhor para nossas mães, irmãs e filhas.
Precisamos de mais mulheres na política, porque é urgente, porque precisamos de uma cidade melhor para todas e todos. É urgente! É pela vida das mulheres!
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