Agulhadas no Carnaval: saiba o risco real para a saúde

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 25/02/2020 às 16:21
Segundo infectologista, sobre transmissão por furadas, a preocupação é maior o vírus da hepatite C, cuja forma de transmissão clássica é por agulha (Foto: Freepik/Banco de Imagens)
Segundo infectologista, sobre transmissão por furadas, a preocupação é maior o vírus da hepatite C, cuja forma de transmissão clássica é por agulha (Foto: Freepik/Banco de Imagens) FOTO: Segundo infectologista, sobre transmissão por furadas, a preocupação é maior o vírus da hepatite C, cuja forma de transmissão clássica é por agulha (Foto: Freepik/Banco de Imagens)

Os relatos de pessoas que chegaram ao Hospital Correia Picanço, na Tamarineira, Zona Norte do Recife, após terem sido possivelmente furadas por agulhas durante o Carnaval do Recife e de Olinda, além do município de Orobó (Agreste de Pernambuco), levantam a preocupação sobre o risco para a saúde proporcionado pelo ocorrido durante a folia. Até o início da tarde desta terça-feira (25), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) contabiliza 41 casos de pessoas que alegaram terem sido furadas por agulhas durante os festejos de Momo. Um novo balanço será divulgado no fim desta tarde.

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O infectologista Bruno Ishigami comenta sobre os riscos de transmissão de doenças decorrentes das agulhadas e esclarece que as principais preocupações são com o HIV, as hepatites B e C. “O HIV é um vírus que não permanece muito tempo viável no meio ambiente. Então, se uma pessoa (infectada) se furou para contaminar alguém, a chance de o HIV permanecer viável na superfície da agulha, a ponto de conseguir ser transmitido para alguém, varia de minutos a horas”, diz o médico.

Apesar de os índices de transmissão do HIV, por meio de picadas de agulhas infectadas, serem baixos, as pessoas que chegam ao Hospital Correia Picanço passam por uma triagem e, se necessário, realizam a profilaxia pós-exposição (PeP), com uso de medicações, para prevenir a infecção pelo HIV e outras infecções. Isso deve ser feito em até 72 horas após o ocorrido. “Depois desse período (e se houver contaminação), o HIV já entrou no organismo e, dessa forma, o remédio não consegue fazer mais efeito”, informa Bruno. Ele acrescenta que esses medicamentos quase não causam mais efeitos colaterais atualmente. “Quem foi agulhado não precisa entrar em pânico. Hoje em dia, a Pep tem boa eficácia.”

Hepatites

Para o infectologista, a apreensão é maior em relação ao risco de infecção pelos vírus das hepatites B e C, que ficam viáveis por até sete dias no meio ambiente. “Quando falamos sobre transmissão por furadas, a preocupação é maior o vírus da hepatite C, cuja forma de transmissão clássica é por agulha. Em relação à hepatite B, é mais comum a transmissão sexual. O recomendado é usar sempre preservativo”, destaca Bruno, que também recomenda a vacinação contra tétano. “É preciso reforçá-la a cada dez anos. Se a pessoa não sabe se está imunizada, deve procurar um posto de saúde. Em relação às furadas com agulhas, como desconhecemos a procedência delas, recomendamos a imunização contra tétano”, frisa o infectologista.