TOC: meditação ajuda a controlar o transtorno obsessivo-compulsivo

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 17/02/2020 às 17:47
Estudo mostrou que pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) de moderado a grave tiveram redução de 40% nos sintomas, após praticarem técnicas específicas de meditação (Foto: Freepik/Banco de Imagens)
Estudo mostrou que pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) de moderado a grave tiveram redução de 40% nos sintomas, após praticarem técnicas específicas de meditação (Foto: Freepik/Banco de Imagens) FOTO: Estudo mostrou que pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) de moderado a grave tiveram redução de 40% nos sintomas, após praticarem técnicas específicas de meditação (Foto: Freepik/Banco de Imagens)

Dos consultórios dos psiquiatras e psicólogos, os pacientes têm saído com uma prescrição: meditação. Depois de estudos comprovarem que a prática pode reduzir a gravidade de sintomas da depressão e outros transtornos psiquiátricos, uma nova pesquisa (publicada este mês na revista científica Frontiers in Psychiatry) mostra que pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) de moderado a grave tiveram redução de 40% nos sintomas, após praticarem técnicas específicas de meditação da Kundalini Yoga (linha originária da Índia) por quatro meses e meio.

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Ainda contra o TOC, um conjunto de técnicas de meditação e respiração, batizado de mindfulness, desponta como alternativa para quem não consegue libertar a mente dos pensamentos obsessivos. “Em geral, mindfulness significa prestar atenção ao momento presente sem julgamento. Quando a pessoa tem TOC, isso não é fácil. O momento presente pode incluir pensamentos e sensações que aparecem na cabeça e que são experimentados com muito incômodos. Em vez de tentar neutralizar ou se livrar dessas experiências internas com compulsões, o mindfulness propõe que o paciente permita que o momento permaneça como está”, diz o presidente da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria, Amaury Cantilino.

Inicialmente, mindfulness parece muito desafiador e contraintuitivo. Afinal, os pacientes estão acostumados a uma batalha inglória de resistência contra os pensamentos. Depois de algumas semanas de prática a ansiedade relacionada às obsessões diminui, começa-se a "perder o medo" delas e a dar menos importância (Foto: Sérgio Bernardo/Acervo JC Imagem)

Ele acrescenta que, no mindfulness, é solicitado que simplesmente permaneçamos atento ao fluxo do pensamento quando as obsessões aparecerem, a aceitar o desconforto que elas causam e a resistir tentar mudá-las com compulsões. “Essa técnica pode ser fortalecida aceitando que os pensamentos são simplesmente eventos mentais, capazes de serem observados sem serem automaticamente considerados como sinais de alerta ou ameaças de perigo. Tenho indicado técnicas de mindfulness para muitos dos meus pacientes com TOC. A consequência é que os pensamentos desagradáveis acabam ficando cada dia menos frequentes”, frisa Amaury.