Enfermagem: 68% das equipes em Pernambuco declaram desgaste profissional

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 17/02/2020 às 17:36
Pesquisa revela que, em Pernambuco, cerca de 30% dos profissionais da enfermagem declararam ter renda total mensal de até R$ 1 mil, uma condição de subsalário (Foto: Freepik/Banco de Imagens)
Pesquisa revela que, em Pernambuco, cerca de 30% dos profissionais da enfermagem declararam ter renda total mensal de até R$ 1 mil, uma condição de subsalário (Foto: Freepik/Banco de Imagens) FOTO: Pesquisa revela que, em Pernambuco, cerca de 30% dos profissionais da enfermagem declararam ter renda total mensal de até R$ 1 mil, uma condição de subsalário (Foto: Freepik/Banco de Imagens)

A área de saúde, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é composta por um contingente de 3,5 milhões de trabalhadores, dos quais cerca 50% atuam na enfermagem (cerca de 1,7 milhão). A pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil, realizada pela Fiocruz, por iniciativa do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), revela que, em Pernambuco, o exercício profissional é composto por um quadro de 77,8% de técnicos e auxiliares e 22,2% de enfermeiros.

Neste cenário em que a enfermagem pernambucana, especificamente auxiliares e técnicos em enfermagem da rede pública de saúde do Estado, continua a reivindicar reajuste salarial e melhores condições de trabalho para os trabalhadores da categoria, vale um registro sobre a satisfação com o ofício. Mais de dois terços (68,2%) das equipes de enfermagem, em Pernambuco, declaram desgaste profissional, o que revela a necessidade de se oferecer melhores condições de trabalho.

Leia também:

OMS elege 2020 como o ano internacional dos profissionais de enfermagem

Os quatro grandes setores de empregabilidade (público, privado, filantrópico e ensino), segundo o estudo, apresentam subsalários. A pesquisa revelou que cerca de 30% desses trabalhadores declararam ter renda total mensal de até R$ 1 mil - ou seja, estão na condição de subsalário. Dos profissionais da enfermagem, quase a metade (47,3%) tem apenas uma atividade/trabalho.

Para o levantamento, foram ouvidos mais de 70 mil trabalhadores no Estado, onde 71,5% da equipe de enfermagem se encontra no setor público; 17% no privado; 17% no filantrópico e 8,8% nas atividades de ensino.

2020: o ano internacional da enfermagem

A Organização Mundial de Saúde (OMS) elegeu 2020 como o ano internacional dos profissionais de enfermagem e obstetrícia. A comemoração quer fazer soar o alarme sobre o déficit desse grupo de trabalhadores da saúde no mundo e coincide com o bicentenário do nascimento de Florence Nightingale (1820-1910), a fundadora da enfermagem moderna.

"Em muitas partes do mundo, profissionais de enfermagem e obstetrícia constituem o primeiro e, às vezes, o único recurso humano em contato com os pacientes. Investir em enfermagem e obstetrícia significa oferecer saúde para todos, o que terá efeito profundo na saúde global e no bem-estar”, disse a diretora regional da OMS, Carissa Etienne, ao comentar sobre 2020 como o ano desses profissionais.

A OMS destaca que enfermeiros e parteiras são cerca de metade dos profissionais de saúde em todo o planeta. São eles que fazem o cuidado ser representado como um dos elementos da atenção em saúde. Desponta, então, uma ação terapêutica: as necessidades do outro passam a ser percebidas, o que exige do profissional da enfermagem um tipo de cuidado necessário.

Em uma outra visão, o cuidado é tido como um acolhimento voltado a um modo de agir incorporado a conhecimentos e habilidades profissionais. Além de toda a ação terapêutica envolvida, esse cuidado específico requer sensibilidade para lidar com os pacientes, valorizando a prática humana e solidária, extrapolando procedimentos técnicos. Sem dúvidas, os profissionais da enfermagem são também verdadeiros protagonistas da saúde.