Vírus da febre do Nilo: Pernambuco vai examinar pacientes com sequelas neurológicas

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 14/02/2020 às 20:29
Lacen-PE se prepara para diagnosticar possíveis casos de febre do Nilo (Foto: Diego Nigro/Acervo JC Imagem)
Lacen-PE se prepara para diagnosticar possíveis casos de febre do Nilo (Foto: Diego Nigro/Acervo JC Imagem) FOTO: Lacen-PE se prepara para diagnosticar possíveis casos de febre do Nilo (Foto: Diego Nigro/Acervo JC Imagem)

Pernambuco está no processo de aquisição de insumos para diagnosticar a febre do Nilo ocidental, doença transmitida por mosquitos do gênero Culex, popularmente conhecido como muriçoca. Não há registros no Estado, mas a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) quer se antecipar para realizar exames laboratoriais capazes de detectar o vírus, devido aos casos que ocorreram em cavalos (eles apresentaram sintomas de síndrome neurológica), no ano passado, no Ceará. “Recentemente também houve confirmação da circulação do vírus da febre do Nilo, em equinos, no Espírito Santo. Todo esse contexto, inclusive no Piauí (onde foi documentado o primeiro caso humano da doença, no Brasil, em 2014, e outros dois casos em 2017), leva a uma antecipação do nosso trabalho de vigilância da febre do Nilo”, informou a gerente do Programa Estadual de Controle das Arboviroses, Claudenice Pontes.

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A afirmação foi dada nesta sexta-feira (14), durante o lançamento do Plano de Enfrentamento às Arboviroses de 2020 na Secretaria Estadual de Saúde, no Bongi, Zona Oeste do Recife. Para os gestores, a febre do Nilo desponta como um novo alerta paralelamente ao atual cenário de risco de epidemia de dengue, zika e chicungunha. “Assim como essas três doenças, a febre do Nilo pode evoluir com sequelas neurológicas e é mais semelhante à zika porque geralmente tem uma fase inicial assintomática”, explicou Claudenice.

Ela acrescentou que Pernambuco já realiza, desde maio de 2016, um monitoramento de complicações neuroinvasivas possivelmente causadas por dengue, zika e chicungunha. Entre elas, estão encefalite, síndrome de Guillain-Barré, acidente vascular cerebral (AVC), esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica e crises convulsivas. “Então, só vamos ampliar esse leque, acrescentando a pesquisa laboratorial de mais um vírus: o da febre do Nilo.”

O diagnóstico será implantado no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-PE), onde também está sendo montado o fluxo para recebimento de amostras de mosquitos silvestres e Culex. Esses insetos serão coletados em áreas das Regionais de Saúde da capital pernambucana (congrega municípios do Grande Recife), de Limoeiro (com 22 cidades) e de Garanhuns (com 21 cidades). “Estamos no processo de aquisição dos insumos, e a previsão é que o novo diagnóstico possa ser feito na metade deste ano”, disse a diretora do Lacen-PE, Roselene Hans.