Neurofibromatose: a doença rara que pode causar tumores gigantes na cabeça

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 14/01/2020 às 15:39
Apesar de não ser maligno, o neurofibroma causa transtornos para a saúde (Foto: TV Jornal/Reprodução)
Apesar de não ser maligno, o neurofibroma causa transtornos para a saúde (Foto: TV Jornal/Reprodução) FOTO: Apesar de não ser maligno, o neurofibroma causa transtornos para a saúde (Foto: TV Jornal/Reprodução)

Nos últimos dias, uma doença despertou a atenção nas redes sociais: um caso incomum de neurofibroma, um tumor benigno causado pelo crescimento de células relacionadas com os nervos. Apesar de não ser maligno, o problema causa transtornos para a saúde, como acontece com uma moradora de Camaragibe, município do Grande Recife, segundo reportagem da TV Jornal.

“Do ponto de vista de célula tumoral, as neurofibromatoses, também conhecida como doença de von Recklinghausen, não são uma doença maligna (diferentemente do câncer do cérebro). A questão é que os neurofibromas cerebrais, dependendo do local onde se encontram, podem causar déficits neurológicos, surdez, cegueira, fraqueza nos membros e crises convulsivas”, explica o neurologista Carlos Frederico Lima, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), em Santo Amaro, área central do Recife.

O médico esclarece que as neurofibromatoses têm origem genética, relacionada a um gene que causa uma deficiência na produção de colágeno e, consequentemente, os pacientes têm uma produção da pele sobre o nervo. “Há um crescimento indiscriminado da pele até aparecer um tumor.” Segundo a Associação Mineira de Apoio às Pessoas com Neurofibromatoses, há cerca de 80 mil brasileiros com neurofibromatoses. As manifestações tendem a iniciar na infância.

"Os neurofibromas cerebrais, dependendo do local onde se encontram, podem causar déficits neurológicos, surdez, cegueira, fraqueza nos membros e crises convulsivas (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem)

Outro sinal comum da doença são as manchas café com leite, de acordo com Carlos Frederico. “Elas são meio amarronzadas (formadas por pigmentos marrons), espalham-se pela pele e ajudam a fazer o diagnóstico da doença”, diz o neurologista, que esclarece sobre a associação entre o tumor e os hormônios. “Há relação entre o neurofibroma e a saúde hormonal. Por isso, crianças que apresentam a doença podem passar a ter o tamanho aumentado do tumor na adolescência, como ainda em maior quantidade. Durante a gestação (fase em que também há mudanças hormonais), isso também pode ocorrer”, afirma Carlos Frederico.

Não existe ainda tratamento específico comprovado para esse tipo de alteração genética. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o paciente deve ter acompanhamento médico regular. O especialista poderá realizar a retirada dos neurofibromas que apresentem crescimento rápido ou tratar lesões. Por ser uma doença genética, a prevenção tem como objetivo evitar complicações. A avaliação médica pode prever o aparecimento de câncer da pele, que pode surgir dos neurofibromas, e prevenir a compressão de estruturas importantes com a retirada de tumores de crescimento rápido. Recidivas podem acontecer. “É um tumor da bainha do nervo que, após a cirurgia, tem risco de se regenerar, crescer e aparecer em outros locais do corpo”, complementa Carlos Frederico.