Óleo nas praias: Pernambuco registra 66 casos de intoxicação causada pelas manchas

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 31/10/2019 às 17:47
Pacientes foram atendidos após apresentarem sintomas de intoxicação devido ao contato com o óleo tóxico e também pelo uso indevido de solventes para retirada do produto (Foto: Bruno Campos/TV Jornal)
Pacientes foram atendidos após apresentarem sintomas de intoxicação devido ao contato com o óleo tóxico e também pelo uso indevido de solventes para retirada do produto (Foto: Bruno Campos/TV Jornal) FOTO: Pacientes foram atendidos após apresentarem sintomas de intoxicação devido ao contato com o óleo tóxico e também pelo uso indevido de solventes para retirada do produto (Foto: Bruno Campos/TV Jornal)

Do dia 18 de outubro até agora, a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) foi notificada sobre a ocorrência de 66 casos de intoxicação causada pelas manchas de óleo que têm aparecido nas praias do Estado. Do total, 26 estão relacionados à exposição no município do Cabo de Santo Agostinho, 18 em São José da Coroa Grande, 6 em Ipojuca, 2 na Ilha de Itamaracá e 1 em Paulista. Ainda há 2 casos notificados no litoral de Alagoas (Maceió e Maragogi). Outras 11 notificações constam sem informação do local de exposição.

A maioria das pessoas afetadas é do sexo masculino (57,6%), e a predominância é de jovens e adultos, entre 19 e 59 anos (81,8%). Seis (9%) são menores de 18 anos. Os pacientes foram atendidos após apresentarem sintomas de intoxicação devido ao contato com o produto tóxico e também pelo uso indevido de solventes para retirada do óleo. Todos apresentaram sintomas leves, como cefaleia, náuseas, falta de ar, tontura e diarreia, com atendimentos ambulatoriais e sem a necessidade de hospitalização.

Outros 35 casos informados pelos municípios estão sendo analisados e tendo mais informações coletadas, já que as fichas de notificação não apresentam elementos suficientes para caracterizá-los como intoxicação pelo petróleo. “Estamos fazendo um trabalho de revisão e análise criteriosa das informações de todos os casos registrados, já que há ocorrência de casos difusos, alguns sem nenhuma relação com intoxicação exógena pelo petróleo, e outros com sinais e sintomas mais relacionados aos danos provocados pela exposição excessiva ao sol e até dores musculares por causa da atividade física de recolher o material das praias”, destaca o coordenador do Centro de Informações Estratégicas da Vigilância em Saúde (Cievs), George Dimech.

Saiba mais

O óleo que se espalha pelas praias pernambucanas pode trazer problemas para a saúde que não se limitam à contaminação e à irritação da pele. A inalação de vapores do óleo tende a causar dificuldades de respiração, dor de cabeça, confusão mental e náusea. Já ingestão do óleo pode provocar dores abdominais, vômito e diarreia.

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As consequências da exposição a médio e longo prazos, contudo, ainda são desconhecidas, mas não se descarta a possibilidade de a exposição ao petróleo ter consequências mais graves, como danos nos pulmões, fígado, rins e sistema nervoso.

Confira as orientações da Secretaria Estadual de Saúde:

1. Recomendações à população 

- Não entrar em contato direto com a substância

- No caso de contaminação da pele com o óleo, lavar a pele com água e sabão

- Nunca usar solventes (como querosene, gasolina, álcool e acetona) para remoção, pois esses produtos podem ser absorvidos e causar lesões na pele

- Podem ser usados óleo de cozinha e outros produtos contendo glicerina ou lanolina

- Eventuais lesões de pele devem ser tratadas por serviços médicos especializados

2. Orientação aos voluntários de mutirões de limpeza

- Recomenda-se procurar a orientação da defesa civil municipal antes de realizar a ação de voluntariado na limpeza do óleo cru nas praias

- Durante a limpeza, recomenda-se evitar o contato direto com o óleo por meio do uso de máscara descartável, luvas de borracha resistente, botas ou galochas de plástico ou outro material impermeável

- Não usar tênis, chinelo, bota de trilha nem ir descalço

- Usar roupas que cubram as pernas e os braços, se possível, de material impermeável

- Por ser um material inflamável, não fumar ou fazer fogo próximo ao óleo cru

- Não é recomendada a participação de crianças e gestantes nos mutirões de limpeza