Prevenção ao suicídio: PE é o 7º Estado com mais casos de violência autoprovocada entre jovens

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 18/09/2019 às 15:36
Dados revelam a urgência de se voltar a atenção a sintomas, entre jovens, de depressão - um dos transtornos mentais mais associados ao comportamento suicida (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem)
Dados revelam a urgência de se voltar a atenção a sintomas, entre jovens, de depressão - um dos transtornos mentais mais associados ao comportamento suicida (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem) FOTO: Dados revelam a urgência de se voltar a atenção a sintomas, entre jovens, de depressão - um dos transtornos mentais mais associados ao comportamento suicida (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem)

Em números absolutos, Pernambuco é a sétima Unidade da Federação com mais casos notificados de violência autoprovocada (pensamento suicida, automutilações e tentativas de suicídio) entre jovens de 15 a 29 anos, segundo boletim epidemiológico divulgado esta semana pelo Ministério da Saúde. O panorama corresponde a dados acumulados entre 2011 (ano em que a notificação de tentativas e mortes por suicídio passou a ser obrigatória no Brasil em até 24 horas) e 2018. Ainda em relação ao Estado, chama a atenção o aumento de registros, na mesma faixa etária, no período de 12 meses: saiu de 998 casos, em 2017, para 1.693 no ano passado.

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“É uma realidade mundial entre a população que faz parte do que chamamos de geração arroba, compreende especialmente os que nasceram na década de 1990. Vivem na era do acesso fácil à internet digital, estão conectados e são arrojados. Mas não conseguem lidar com frustrações e sofrimentos”, destaca a psiquiatra Kátia Petribú, professora da Universidade de Pernambuco (UPE) e presidente da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria. A observação da médica entra em sintonia com o mote de campanha de valorização da vida e de combate à depressão, lançada ontem pelo governo federal.

Com o conceito Se liga! Dê um like na vida, a campanha tem como objetivo estimular o jovem a compartilhar momentos com a família e amigos, conversar mais, fortalecendo a importância do diálogo e desmistificando a vida virtual. A iniciativa reforça a necessidade de ficar atento aos sintomas da depressão, um dos transtornos mentais mais associados ao comportamento suicida, e de buscar ajuda.

No País, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, estima-se que 14,1 milhões de pessoas apresentem diagnóstico de transtornos ou sofrimentos mentais. O levantamento aponta que 7,6% dos brasileiros de 18 anos ou mais receberam diagnóstico de depressão por profissional de saúde mental. Entre 2015 e 2018, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou aumento de 52% nos atendimentos ambulatorial e de internação relacionados à depressão, passando de 79.654 para 121.341 procedimentos. Na faixa etária de 15 a 29 anos, público-alvo da campanha, o aumento foi de 115% no mesmo período, evoluindo de 12.698 para 27.363 procedimentos.

“Os transtornos mentais mais graves, como depressão e ansiedade, acometem cada vez mais precocemente as pessoas. Isso é decorrente da pressão que vivemos, do imediatismo e da falta de diálogo familiar”, frisa a psiquiatra Milena França, professora da UPE e diretora da SPP. A médica coloca luz sobre um problema que tem prevenção: os distúrbios psiquiátricos, que estão por trás de quase 100% dos casos de suicídio. Em primeiro lugar, a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias. O mais preocupante é que de 50% a 60% das pessoas que morreram por suicídio nunca se consultaram com um profissional de saúde mental, segundo reforça campanha da Associação Brasileira de Psiquiatria.

“Quando falamos sobre adolescentes, precisamos estar ainda mais atentos. É nessa faixa etária que temos observado maior incidência de automuti-lação (qualquer comportamento intencional envolvendo agressão direta ao próprio corpo sem intenção consciente de suicídio, mas que é considerado fator de risco para esse tipo de morte)”, destaca Kátia Petríbú.