Alzheimer não é só falha de memória: especialistas explicam o que é a doença

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 27/08/2019 às 14:14
Doença de Alzheimer: é preciso estar atento a falhas de memória e também a apatia, depressão e alteração na linguagem (Foto: Freepik/Banco de Imagens)
Doença de Alzheimer: é preciso estar atento a falhas de memória e também a apatia, depressão e alteração na linguagem (Foto: Freepik/Banco de Imagens) FOTO: Doença de Alzheimer: é preciso estar atento a falhas de memória e também a apatia, depressão e alteração na linguagem (Foto: Freepik/Banco de Imagens)

Às vésperas de setembro, mês mundial de conscientização da doença de Alzheimer, especialistas trazem três orientações valiosas: a primeira é que nem toda pessoa que apresenta esquecimentos frequentes tem algum tipo de demência. A seguinte é que não é toda demência que pode ser sinônimo de Alzheimer. A terceira tem relação com a maneira como o cérebro adquire e armazena informações. “Alzheimer não é só perda de memória”, destacou, na terça-feira (26), a geriatra Carla Núbia Borges, durante o programa Casa Saudável, na TV JC. Com essa declaração, a médica reforça que o comprometimento da memória, especialmente para fatos recentes, nem sempre é o primeiro sinal mais evidente da doença, o que exige um olhar mais amplo para outros pontos que podem levantar a suspeita.

A cada três segundos, é dado um diagnóstico de demência no mundo. As pessoas têm falando mais sobre a doença. É um tema que está sendo levando para a casa das pessoas”, destaca a geriatra Carla Núbia Borges (Foto: Filipe Jordão/JC Imagem)

A doença de Alzheimer é o tipo de demência mais comum, sendo responsável por até 70% dos casos. Associadas ao envelhecimento, as síndromes demenciais estão cada vez mais frequentes e afetam a vida de 50 milhões de pessoas no planeta. Esse número deve aumentar para 131,5 milhões em 2050. “Geralmente as pessoas só procuram ajuda quando há falha de memória, mas também é preciso atentar para sintomas comportamentais, capazes de predizer que algo pode estar errado. Entre eles, apatia, depressão, alteração na linguagem e dificuldades para realizar atividades do dia a dia. São sinais que podem aparecer inicialmente, independentemente da presença de falhas de memória”, frisou Carla Núbia, médica titulada pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

Assista ao programa sobre o tema:

Apesar de não existirem atitudes que garantam o não desenvolvimento da doença de Alzheimer, hábitos saudáveis podem ajudar a reduzir a possibilidade de se ter a enfermidade. Por exemplo, a adoção de atitudes capazes de ampliar o nível de atividade intelectual. “É um fator protetor porque aumenta a reserva cognitiva, que tem relação com conhecimento. É uma atitude que posterga o aparecimento de sinais e sintomas de Alzheimer”, salientou o terapeuta ocupacional Antônio Rodrigues, especialista em gerontologia pela SGBB, que também participou do programa Casa Saudável. Ele acrescentou que, quando se investe em atitudes que tiram o cérebro da zona de conforto, é possível diminuir a chance de se desenvolver Alzheimer. “Vale a pena fazer tudo o que esteja relacionado a uma nova habilidade: estudar, aprender um idioma, fazer um curso de informática e valorizar a sociabilidade são importantes.”

"Quando falamos sobre doença de Alzheimer, devemos destacar o papel que os cuidadores familiares e profissionais exercem no tratamento. Eles também precisam ser cuidados", frisa o terapeuta ocupacional Antônio Rodrigues (Foto: Filipe Jordão/JC Imagem)

Programação

No Recife, atividades estão em elaboração para marcar o mês de setembro. Fazem parte da programação os encontros da Associação Brasileira de Alzheimer/Regional Pernambuco. No dia 5, o geriatra Levy Petrus ministra palestra sobre conscientização e combate ao estigma associado à doença. O evento é gratuito e começa às 14h30 no Instituto de Pesquisas e Estudos da Terceira Idade (Ipeti), no Derby, área central da cidade. Informações sobre eventos e grupos de apoio: 98802-0263 e [email protected].