Microcefalia: a hora da inclusão escolar

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 07/07/2019 às 12:45
"A escola é importante para estimular o desenvolvimento e a interação com outras crianças”, conta a mãe de Giovanna, Germanny Gracy Maia (Foto: Andréa Leal/Divulgação)
"A escola é importante para estimular o desenvolvimento e a interação com outras crianças”, conta a mãe de Giovanna, Germanny Gracy Maia (Foto: Andréa Leal/Divulgação) FOTO: "A escola é importante para estimular o desenvolvimento e a interação com outras crianças”, conta a mãe de Giovanna, Germanny Gracy Maia (Foto: Andréa Leal/Divulgação)

Já se passaram quase quatro anos desde que anunciamos, em primeira mão, a explosão de casos de recém-nascidos com microcefalia, que se tornou a malformação congênita mais associada ao zika. Atualmente, aliada à rotina intensa das terapias e consultas médicas, algumas das crianças vivenciam a educação infantil; outras ainda estão fora da escola. É hora, então, de especialistas voltarem os olhos para as necessidades dessas crianças nos cenários educacionais, com base no direito da pessoa com deficiência de ir à escola, participar, interagir e se desenvolver.

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No Recife, uma pesquisa foi iniciada para estudar a microcefalia (decorrente do surto de zika) na inclusão escolar. O estudo vem da Fundação Volkswagen e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que firmaram acordo para o financiamento do estudo. “Investigaremos as competências socioemocionais de educadores de creche e instituições de educação infantil para lidarem com crianças com deficiências, com foco na síndrome congênita do zika. Vamos apresentar dados sobre o que pensam profissionais de saúde, que atuaram no epicentro da epidemia, e de educação sobre conteúdos e técnicas que poderiam ser trabalhados numa futura formação sobre educação inclusiva”, diz a professora do Departamento de Psicologia da UFPE, Sílvia Maciel, que conduz a pesquisa.

Para a construção do trabalho, especialistas em educação serão ouvidos e, segundo Sílvia, poderão apontar estratégias valiosas para a formação e atuação de profissionais que trabalham em creches e escolas. “Dessa maneira, podemos articular saúde e educação para construirmos uma ponte entre os conhecimentos desses dois campos, com a perspectiva de criarmos ações em prol da inclusão na educação infantil”, acrescenta.

Aos 3 meses de vida, a pequena Giovanna (na foto, ao canto esquerdo), hoje com 3 anos e meio, teve o diagnóstico de microcefalia associado ao zika. Desde então, faz atividades de reabilitação, recebe estímulos em casa e, há 15 dias, voltou a frequentar uma instituição de educação infantil. “Ela começou a estudar em abril de 2018 e, meses depois, precisamos ir para uma nova residência. Com a mudança, começamos a procurar outra creche em novembro e só conseguimos vaga no mês passado. É uma atividade importante para estimular o desenvolvimento e a interação com outras crianças”, conta a mãe de Giovanna, a dona de casa Germanny Gracy Maia, 29 anos.