Mayaro: Pernambuco fará diagnóstico de vírus 'primo' do chicungunha

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 28/05/2019 às 10:22
Conhecido como “primo” do chicungunha pela semelhança entre os sintomas, o vírus mayaro tem como sintomas febre alta, dores musculares, de cabeça e nas articulações (Foto: Pixabay)
Conhecido como “primo” do chicungunha pela semelhança entre os sintomas, o vírus mayaro tem como sintomas febre alta, dores musculares, de cabeça e nas articulações (Foto: Pixabay) FOTO: Conhecido como “primo” do chicungunha pela semelhança entre os sintomas, o vírus mayaro tem como sintomas febre alta, dores musculares, de cabeça e nas articulações (Foto: Pixabay)

O Laboratório Central de Saúde Pública Dr. Milton Bezerra Sobral (Lacen-PE) está em processo de implantação do diagnóstico laboratorial do vírus mayaro, conhecido como “primo” do chicungunha pela semelhança entre os sintomas que os dois arbovírus causam. Entre eles, febre alta, dores musculares, de cabeça e nas articulações. Atualmente o Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, é referência nacional para o processamento do exame. “A partir do momento em que tivermos instituído o diagnóstico localmente, será mais prático fazer análises das amostras suspeitas (especialmente aquelas inconclusivas). Até o momento, não podemos dizer com segurança que Pernambuco está sem circulação de mayaro. Existe o risco de termos o vírus, e a implantação (das análises no Lacen-PE) agilizará essa vigilância epidemiológica”, diz a gerente do Programa Estadual de Controle das Arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Claudenice Pontes.

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Além de incluir mayaro no espectro de investigações das amostras, o Lacen-PE passará também a fazer diagnóstico dos outros arbovírus. “Queremos deixar o Estado estruturado para fazer a detecção de outras arboviroses, cuja circulação já é observada em demais regiões do País. Os técnicos já estão capacitados para fazer esse trabalho. Agora aguardamos a chegada dos insumos, que vêm do IEC, para iniciarmos a implantação do diagnóstico laboratorial de mayaro e outros arbovírus”, acrescenta Claudenice, que não informou a data prevista para iniciar esse tipo de análise no Lacen-PE.

Para ela, a ampliação da vigilância epidemiológica tem se tornado cada vez mais necessária, em Pernambuco, desde o início da circulação do zika, no início de 2016. “As unidades sentinelas dos casos de complicações neurológicas, após a infecção por arboviroses, têm relatado aumento da frequência de quadros atípicos dessas manifestações. Ainda não se sabe, contudo, se esse padrão tem relação com os mesmos arbovírus (dengue, chicungunha ou zika) ou se há algum agente novo. A partir do momento em que o Lacen-PE fizer a análise das amostras (para demais vírus, como mayaro) que deixam dúvidas, a conclusão das investigações acontecerá de forma mais ágil”, frisa Claudenice.

Segundo a gestora, a SES, no Bongi, bairro da Zona Oeste do Recife, fará um encontro, nesta quarta-feira (29), para discutir esse cenário. O evento contará com a presença da médica Maria Lúcia Brito, chefe do Serviço de Neurologia do Hospital da Restauração (HR), referência no tratamento de pacientes com comprometimento neurológico causado por arboviroses. “Nunca paramos de receber pacientes com esses quadros. Para o aumento da frequência atual de casos neurológicos que temos observado, não podemos dizer seguramente o agente causador. Estamos investigando todas as possibilidades, incluindo novos vírus e os que já sabemos que estão em circulação no Estado”, esclarece Maria Lúcia.

Este ano, até o último dia 18, Pernambuco notificou 21.370 casos de arboviroses (dengue, chicungunha e zika), com 3.355 confirmações. Além disso, 29 mortes associadas a arbovírus estão em investigação.