Hospital Jayme da Fonte realiza o milésimo transplante de fígado

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 28/05/2019 às 11:01
"O fígado tem mais de 200 funções. Por isso, quem tem doenças hepáticas degenerativas fica muito debilitado, e o transplante geralmente é a única maneira de tratar efetivamente essas pessoas", frisa Cláudio Lacerda (Foto: Sérgio Bernardo/Acervo JC Imagem)
"O fígado tem mais de 200 funções. Por isso, quem tem doenças hepáticas degenerativas fica muito debilitado, e o transplante geralmente é a única maneira de tratar efetivamente essas pessoas", frisa Cláudio Lacerda (Foto: Sérgio Bernardo/Acervo JC Imagem) FOTO: "O fígado tem mais de 200 funções. Por isso, quem tem doenças hepáticas degenerativas fica muito debilitado, e o transplante geralmente é a única maneira de tratar efetivamente essas pessoas", frisa Cláudio Lacerda (Foto: Sérgio Bernardo/Acervo JC Imagem)

O Hospital Jayme da Fonte, nas Graças, Zona Norte do Recife, realizou o milésimo transplante de fígado da instituição na última quinta-feira (23). “A paciente estava em fila de espera há um tempo. Tinha um fígado policístico. Está no processo de recuperação pós-cirúrgica. Estou esperançoso”, diz o cirurgião hepático Cláudio Lacerda.

Leia o especial sobre transplante de órgãos: www.jc.com.br/vidascompartilhadas

O médico frisa que, ao acrescentar a atual marca de mil aos demais procedimentos já realizados também pela equipe que coordena no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) e no Hospital Nossa Senhora das Neves (João Pessoa/PB), somam-se cerca de 1.400 transplantes de fígado. “Este ano já realizamos 55 cirurgias e, até o fim do ano, devemos chegar entre 130 e 140 procedimentos”, acrescenta Lacerda.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, Pernambuco realizou este ano (até abril) 55 transplantes de fígado – um aumento de 31% em relação a 2018. Apesar do crescimento, o Estado tem 111 pessoas à espera do órgão. “Temos um programa de transplantes de excelência, mas precisamos trabalhar ainda mais para sensibilizar a população sobre a doação de órgãos”, frisa o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo.

Saiba mais

Complexo, o transplante de fígado é quase sempre a única maneira de tratar efetivamente (e salvar) quem vive com doenças degenerativas do órgão. “O transplante hepático é um procedimento altamente desafiador. A gente lida com quadros muito graves. Mas, quando passa o pós-operatório, a maioria dos pacientes tem um reencontro com a saúde plena. Isso é fascinante. É gratificante vê-los retomar a capacidade intelectual e física”, frisa Cláudio Lacerda, que descreve o hiato entre os primeiros transplantes e as cirurgias atuais. “Tudo era encarado como um altíssimo grau de dificuldade. Aos poucos, os procedimentos foram dominados e agora o processo acontece com tranquilidade. Somos um dos maiores centros transplantadores de fígado no mundo, com 120 cirurgias por ano.”

O médico também se orgulha dos avanços da Apaf – sigla pela qual é conhecida a Associação Pernambucana de Apoio aos Doentes de Fígado, fundada por ele. “Essa instituição é fundamental porque a maioria dos pacientes é pobre, e de nada adianta cuidar do fígado das pessoas sem cuidar delas.” A Apaf recebe mensalmente, em sua Casa de Acolhimento, cerca de 100 pacientes e seus acompanhantes. “Os pacientes recebem todo apoio e hospedagem enquanto o diagnóstico é concluído. E permanecem recebendo suporte durante toda a permanência no Recife para o tratamento. É um trabalho muito bonito”, acrescenta Cláudio Lacerda, sem ter dúvidas de que é possível fazer medicina de ponta, em hospital público, e cuidar de gente com dignidade, carinho e respeito.