Fada do Dente: campanha incentiva doação para realização de pesquisas

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 06/05/2019 às 12:12
Campanha mostra que, ao invés de deixar o dente de leite embaixo do travesseiro para a fada trocar por dinheiro, pais e filhos podem ajudar a ciência, doando o material (Imagem: Divulgação)
Campanha mostra que, ao invés de deixar o dente de leite embaixo do travesseiro para a fada trocar por dinheiro, pais e filhos podem ajudar a ciência, doando o material (Imagem: Divulgação) FOTO: Campanha mostra que, ao invés de deixar o dente de leite embaixo do travesseiro para a fada trocar por dinheiro, pais e filhos podem ajudar a ciência, doando o material (Imagem: Divulgação)

A lenda da Fada do Dente tem uma simbologia imensa para as crianças em idade de troca dos dentes de leite, que representa um marco no desenvolvimento. O conto da personagem é acompanhado de vários benefícios: favorece a imaginação e a criatividade, dribla a ansiedade que geralmente aparece quando os dentes amolecem e ainda cria uma cultura de doação de órgãos desde cedo. Esse novo comportamento relacionado à saúde bucal é impulsionado pela campanha O endereço da Fada do Dente, lançada pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Fousp). O objetivo da ação é aumentar as doações de dentes de leite (normalmente descartados, jogados no telhado ou colocados debaixo do travesseiro para a fada levá-lo à noite e deixar uma moeda), que farão parte do acervo do banco de órgãos.

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Assim como o Papai Noel, o enredo da Fada do Dente auxilia a criança a lidar com a realidade e estimula o desenvolvimento emocional. Além disso, a partir da iniciativa da USP, os dentes de leite doados são usados em pesquisas que ajudam milhares de pessoas. Mas poucas sabem que é possível favorecer a ciência dessa forma. Por isso, a campanha incentiva as famílias a acessarem o site enderecodafadadodente.com.br. Nele, através de um clique, pais e responsáveis podem solicitar o recebimento de uma carta, já selada, pronta para a doação dos dentes.

"Em média, aos 6 anos, os dentes de leite começam a amolecer. Mas isso não é regra. Eles podem cair naturalmente ou ser removidos em casa, com auxílio de algodão, gaze ou fio dental. Sempre é válido levar a criança ao dentista, capaz de verificar se a troca ocorre no tempo adequado e se os dentes permanentes estão nascendo no local correto", diz a odontopediatra Gabriela Trindade (Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem)

“Muitas pessoas não sabem que um dente também é um órgão. Dependendo da forma como é retirado, manipulado e armazenado, pode servir até para pesquisas sobre células-tronco. Incentivar a doação de dentes extraídos para o nosso banco nos ajuda a descobrir novas maneiras de melhorar a vida das pessoas”, conta o professor José Carlos Imparato, coordenador do BioBanco de Dentes da Fousp. Qualquer dente é bem-vindo e pode ser enviado independentemente do tempo em que caiu.

“Tenho a oportunidade de fazer uma pós-graduação na Fousp e conheço de perto o banco, que desenvolve inúmeros estudos com os dentinhos doados. São pesquisas sobre diversos temas, como a relação entre cáries e aleitamento materno. Alguns dos dentes servem como estudo de células-tronco provenientes da polpa dos dentinhos das crianças”, informa a odontopediatra Gabriela Trindade, fundadora da clínica Abre o Bocão, no bairro de Parnamirim, Zona Norte do Recife. Para ela, o conto da Fada do Dente pode dar uma mãozinha para afastar o desconforto que tende a aparecer quando os primeiros dentinhos estão prestes a cair.

Na casa da pequena Alice Cerqueira de Lima, 5 anos, o enredo da Fada do Dente está mais atual do que nunca. Recentemente ela perdeu os dois dentinhos da frente (Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem)

Na casa da pequena Alice Cerqueira de Lima, 5 anos, o enredo da personagem está mais atual do que nunca. “Recentemente ela perdeu os dois dentinhos da frente. Quando o primeiro caiu, ela ficou bem ansiosa pela espera da fada, que deixou duas moedinhas debaixo do travesseiro. Foi uma animação danada. Ela mandou mensagem para os amiguinhos e pediu para tirarmos fotos”, conta a mãe de Alice, a engenheira ambiental Roberta Falcão, que sabe como a lenda ajuda as crianças durante o ciclo da troca de dentes e promove também a adoção de bons hábitos de saúde bucal.