Gripe: Pernambuco é o segundo Estado brasileiro com mais casos graves

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 09/04/2019 às 10:34
Provocada por diversos agentes (vírus e bactérias), a síndrome respiratória aguda grave exige internamento dos pacientes com febre, tosse ou dor de garganta associado a desconforto respiratório (Foto: Pixabay)
Provocada por diversos agentes (vírus e bactérias), a síndrome respiratória aguda grave exige internamento dos pacientes com febre, tosse ou dor de garganta associado a desconforto respiratório (Foto: Pixabay) FOTO: Provocada por diversos agentes (vírus e bactérias), a síndrome respiratória aguda grave exige internamento dos pacientes com febre, tosse ou dor de garganta associado a desconforto respiratório (Foto: Pixabay)

Pernambuco é o segundo Estado brasileiro com o maior volume de pessoas que apresentaram este ano agravamento da gripe e outras infecções respiratórias, segundo balanço divulgado ontem pelo Ministério da Saúde, às vésperas da Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza, que começa amanhã e vai até 31 de maio.

 

Depois do Amazonas, que lidera o ranking nacional com 718 casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag), Pernambuco desponta com 671 registros e três mortes em investigação. Em comparação com o mesmo período de 2018, quando houve 184 casos, o aumento foi de 264% nas notificações de Srag. Em terceiro lugar este ano vem São Paulo, com 597 notificações de Srag. Os dados são referentes até o dia 16 de março.

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Provocada por diversos agentes (vírus e bactérias), a síndrome respiratória aguda grave exige internamento dos pacientes com febre, tosse ou dor de garganta associado a desconforto respiratório. Entre todos os Estados, Pernambuco é o que mais acumula casos em investigação.

"Entre notificações de casos graves de gripe, devem estar registros também de coqueluche, que pode ser confundida com influenza no início dos sintomas", diz George Dimech (Foto: Miva Filho/SES)

Quase 90% dos 620 registros de Srag no Estado, apresentados em boletim do Ministério da Saúde, permanecem sem diagnóstico concluído. Não se sabe ainda se os adoecimentos têm relação com H1N1, H3N2, influenza B, outros vírus respiratórios ou bactérias. Sete casos de Srag tiveram resultado laboratorial positivo para a influenza B. Outros 58 são casos de Srag não especificados e 554 estão em investigação.

“O influenza B é o único, até o momento, que conseguimos identificar em circulação no Estado. Essa constatação vale para os casos mais graves (Srag) e os mais leves (chamado de síndrome gripal). O detalhe é que, em Pernambuco, constatamos o aumento também da coqueluche (outra doença infecciosa que compromete o trato respiratório), que pode ser confundida inicialmente com um caso mais grave de gripe”, esclarece o epidemiologista George Dimech, diretor-geral de Controle de Doenças Transmissíveis da Secretaria Estadual de Saúde (SES). O depoimento dele leva a inferir que, entre as notificações de Srag que permanecem em investigação, podem estar também casos de coqueluche. Dessa maneira, esse raciocínio pode explicar por que Pernambuco é o Estado brasileiro com maior volume de casos de Srag (554) que carecem de diagnóstico – mais que o dobro do segundo colocado: São Paulo, com 251 casos em investigação.

Luciana Nóbrega já voltou às atividades, mas foi três vezes à emergência e levou 15 dias para se recuperar da forte gripe (Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem)

A servidora pública Luciana Nóbrega, 44 anos, é uma das pessoas que apresentaram, há cerca de três semanas, um quadro de gripe que exigiu cuidados mais intensos. “Tive febre acima de 39 graus, além de dor no corpo e muito cansaço. Fiquei muito prostrada, e precisei de 15 dias para me recuperar desse mal-estar. Precisei ir três vezes a uma emergência. Precisei de corticoide e antialérgico”, relata Luciana, que já se recuperou. “Voltei à rotina e até à academia. Como todos os anos, vou me imunizar contra a gripe”, acrescenta.

Ao contrário de outras vacinas, a dose contra a gripe precisa ser feita todos os anos, especialmente para as pessoas mais susceptíveis ao agravamento da doença. Entre elas, está o público-alvo da campanha de vacinação, que começa amanhã. Neste ano, poderão ser imunizadas crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes, idosos a partir dos 60 anos e outros grupos (veja o quadro à direita). Os profissionais que trabalham nas salas de vacina devem aproveitar a ida da população aos postos para verificar se as cadernetas estão atualizadas. Em caso negativo, deve ser feita a aplicação das doses dos imunizantes que faltam. “Precisamos aproveitar esse momento para focar também nas coberturas de outras vacinas do calendário nacional. Essa conduta é essencial para evitarmos outras doenças imunopreveníveis”, reforça a coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Ana Catarina de Melo.