Casos de coqueluche aumentam em cinco vezes no Recife

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 03/04/2019 às 9:48
Recife já notificou este ano 56 casos, contra 11 no mesmo período de 2018, de coqueluche - também conhecida como tosse comprida (Foto: Freepik)
Recife já notificou este ano 56 casos, contra 11 no mesmo período de 2018, de coqueluche - também conhecida como tosse comprida (Foto: Freepik) FOTO: Recife já notificou este ano 56 casos, contra 11 no mesmo período de 2018, de coqueluche - também conhecida como tosse comprida (Foto: Freepik)

Também conhecida como tosse comprida, a coqueluche é uma infecção do trato respiratório que tem inquietado a vigilância epidemiológica em Pernambuco, especialmente na capital, onde o número de casos mais que quintuplicou, ao se comparar o volume de adoecimentos dos três primeiros meses deste ano com o mesmo período de 2018. Até o dia 9 de março, o Recife notificou 56 casos da doença, com 29 confirmações. No ano passado, no mesmo período, foram 11 notificações, com 6 casos confirmados. A faixa etária mais acometida compreende bebês menores de 2 meses. Dos 13 casos suspeitos nesse grupo, oito já tiveram o diagnóstico confirmado.

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Esse cenário é um reflexo da baixa cobertura vacinal (tríplice bacteriana acelular que protege contra difteria, tétano e coqueluche), exclusiva para grávidas na rede pública. Em 2018, na capital pernambucana, a taxa de adesão foi de 66%, enquanto a meta é atingir 95% das gestantes. Ao ser imunizada, elas zelam pela própria saúde e transferem anticorpos ao bebê, que ficam protegido nos primeiros meses de vida até que possa completar o esquema vacinal, o que ocorre aos seis meses, com um primeiro reforço aos 15 meses e um segundo aos 4 anos.

“A coqueluche é uma doença cíclica, com aumento de casos geralmente a cada quatro ou cinco anos. A principal prevenção é a vacinação, ofertada na rede pública. Se as coberturas vacinais estivessem adequadas, certamente os casos apareceriam em menor volume”, diz a coordenadora do Programa de Imunização da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Ana Catarina de Melo.

Os dados de coqueluche em Pernambuco ainda estão passíveis de atualização. O último boletim divulgado considera as notificações até o dia 27 de fevereiro. Nesse período, o aumento já se revelava expressivo: o Estado saiu de 27 notificações, no mesmo período do ano passado, para 90 registros até o fim do mês passado. Diretor-geral de Controle de Doenças Transmissíveis da SES, o epidemiologista George Dimech destaca que, diante desse cenário, Pernambuco está em estado de alerta para a coqueluche. “Desde o início do ano, fizemos uma reunião para falar sobre a doença. Estamos acompanhando de perto as notificações nas unidades de saúde”, frisa.

A gerente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Recife, Natália Barros, acrescenta que foi feita uma reunião, na última segunda-feira, com o núcleo de epidemiologia da prefeitura para se fazer uma atualização sobre a situação da coqueluche na cidade. “Também iremos capacitar profissionais das policlínicas e fazer divulgação da doença através de cartazes para sensibilizar as equipes de saúde e a população”, ressalta Natália.