Pernambuco tem 80% dos municípios em risco de transmissão elevada de chicungunha, dengue e zika

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 27/03/2019 às 11:15
Monitoramento dos possíveis focos do mosquito e ações de vigilância são essenciais para combater dengue, chicungunha e zika (Foto: Ricardo B. Labastier/Acervo JC Imagem)
Monitoramento dos possíveis focos do mosquito e ações de vigilância são essenciais para combater dengue, chicungunha e zika (Foto: Ricardo B. Labastier/Acervo JC Imagem) FOTO: Monitoramento dos possíveis focos do mosquito e ações de vigilância são essenciais para combater dengue, chicungunha e zika (Foto: Ricardo B. Labastier/Acervo JC Imagem)

O sistema de vigilância dos municípios pernambucanos e toda a população devem redobrar os cuidados contra o Aedes aegypti, que transmite dengue, chicungunha e zika. Num cenário em que a temperatura elevada é um fator capaz de acelerar o processo de transformação do ovo no mosquito, o mapa das arboviroses (como é chamado o LIRAa, sigla para Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti) traz um dado que preocupa: 80% das 184 cidades no Estado estão em situação de risco para transmissão elevada das três doenças provocadas pelo mosquito. O mapeamento é capaz de identificar locais com focos de reprodução do Aedes e o tipo de depósito onde as larvas são encontradas.

“Este mês e no próximo, é um período em que historicamente verificamos aumento no número de casos de arboviroses. No Estado, essa elevação permanece acima do padrão na sétima Regional (sede em Salgueiro, no Sertão, que congrega mais outros seis municípios: Belém do São Francisco, Cedro, Mirandiba, Serrita, Terra Nova e Verdejante)”, destaca o diretor-geral de Controle de Doenças Transmissíveis da Secretaria Estadual de Saúde (SES), George Dimech. Na região, o volume dos casos notificados de arboviroses é expressivo. Até o momento, as sete cidades registraram 1.019 casos – um percentual de variação de 6.268%, em comparação com o mesmo período do ano passado, quando a Regional notificou apenas 16 casos.

Outro detalhe que tem chamado a atenção dos especialistas e das autoridades de saúde é a expansão da incidência, que considera a proporção de casos em relação ao número de habitantes, na faixa etária infantil. Segundo boletim epidemiológico da SES, a maior incidência de dengue está entre 5 e 9 anos; em relação à chicungunha e zika, do nascimento aos 4 anos. “Houve um desvio da faixa etária, pois as crianças que não foram infectadas anteriormente estão mais susceptíveis a infecções e começam agora a adoecer. É por isso que atualmente, nessa população, os cuidados não devem ser menosprezados”, frisa George Dimech.

O fato de o Estado só ter identificado, até o momento, a circulação do DEN1 (um dos quatro tipos de vírus da dengue) também pode explicar por que o adoecimento tem se tornado mais frequente entre crianças. “É uma faixa etária caracterizada por uma população que, na sua maioria, não teve contato anterior com o DEN1. E as crianças, que adoecem agora por dengue e já foram infectadas anteriormente por algum dos outros três tipos de vírus, têm risco de evoluir para uma forma mais grave da doença”, diz o clínico-geral Carlos Brito, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Apesar de o cenário, em Pernambuco, não representar epidemia, os especialistas reforçam ser preciso intensificar as ações de combate ao Aedes aegypti para que os registros de dengue, zika e chicungunha não continuem avançando no Estado. Até o último dia 16, foram notificados 4.051 casos suspeitos de dengue em 143 municípios pernambucanos, representando aumento de 6% em relação ao mesmo período de 2018, que apontou 3.829 casos. Para zika, até o momento, foram registrados 298 casos suspeitos em 53 municípios, o que corresponde a um aumento de 93,5%, comparando com o mesmo período de 2018, quando houve 154 notificações.

O balanço da SES também revela que este ano 50 mulheres grávidas foram notificadas com suspeita de arboviroses por apresentarem manchas vermelhas na pele. Além disso, o Estado contabiliza 13 mortes suspeitas por dengue, chicungunha e zika, como no mesmo período de 2018.