No Agreste pernambucano, Caruaru vira o jogo e se torna exemplo em vacinação

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 25/03/2019 às 10:23
Depois de fechar o primeiro semestre do ano com coberturas baixíssimas, em torno de 40% a 60%, Caruaru finalizou 2018 com índices acima de 100% (Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem)
Depois de fechar o primeiro semestre do ano com coberturas baixíssimas, em torno de 40% a 60%, Caruaru finalizou 2018 com índices acima de 100% (Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem) FOTO: Depois de fechar o primeiro semestre do ano com coberturas baixíssimas, em torno de 40% a 60%, Caruaru finalizou 2018 com índices acima de 100% (Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem)

CARUARU – Na contramão das baixas coberturas vacinais constatadas em boa parte do Brasil (incluindo os dados gerais de Pernambuco), a cidade de Caruaru, no Agreste do Estado, a cerca de 130 quilômetros do Recife, apresenta indicadores de desempenho da vacinação na meta – ou bem acima das taxas que são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conferir proteção contra agentes infecciosos que causam doenças graves e geralmente letais, como o sarampo. “Depois de fechar o primeiro semestre do ano com coberturas baixíssimas, em torno de 40% a 60%, Caruaru finalizou 2018 com índices acima de 100%”, destaca a coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Ana Catarina de Melo.

Ela acrescenta que foi feita uma espécie de força-tarefa para as taxas saírem do vermelho. “Não poderia ficar como estava. Estamos falando de um município enorme (são 357 mil habitantes), com grande fluxo de pessoas. A ocorrência de qualquer surto na cidade poderia ser incontrolável, especialmente porque é uma localidade com uma população flutuante: há quem more na região vizinha e trabalhe em Caruaru. Ao constatarmos os riscos, fizemos uma reunião com o município, que assumiu um compromisso de ir a escolas e creches fazer a vacinação”, frisa Ana Catarina.

Para ir além dos indicadores preconizados pelo Ministério da Saúde, Caruaru fez mutirões nas escolas e creches (Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem)

Com base nos dados de 2018 disponíveis no sistema do Programa Nacional de Imunizações (PNI), a reportagem do Jornal do Commercio e o blog Casa Saudável verificaram que todas as metas da cidade foram atingidas para todas as aplicações, exceto para a segunda dose da tríplice viral (administrada aos 15 meses de vida, protege contra sarampo, caxumba e rubéola) e para a dTpa (tríplice bacteriana acelular que protege contra difteria, tétano e coqueluche), exclusiva para grávidas na rede pública. As taxas de ambas estão, respectivamente, em 82% e 89% – índices ainda maiores do que os apresentados pela média do Estado (68% e 67%) e pelo Recife (68% e 66%).

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“Para manter os percentuais adequados à proteção da população, nós analisamos as coberturas de todas as vacinas a todo instante. Fazemos um monitoramento diário e outro balanço semanal. É dessa forma que conseguimos identificar qualquer problema precocemente”, salienta a coordenadora do PNI em Caruaru, Sarah Rafael Ribeiro. Ela completa que, para ir além dos indicadores preconizados pelo Ministério da Saúde, o município fez mutirões nas escolas e creches. “Sabemos que atualmente, para alcançar as metas, nós precisamos extrapolar os muros das unidades de saúde. Devemos trabalhar fora das salas de vacinação. Nossas ações estão sendo pautadas a partir desse raciocínio. Outro detalhe é que, no ano passado, a gente também intensificou ações de imunização nas empresas. Fomos ainda aos presídios e conseguimos vacinar todos os detentos, além dos adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas”, ressalta Sarah.

Exemplos

No Centro de Saúde Ana Rodrigues, no bairro São Francisco, o movimento na sala de vacinação é intenso. terça-feira (19), o funcionário público aposentado José Damasceno, 71 anos, mostrou que está ciente da importância da imunização também para os idosos. Foi à unidade de saúde com o cartão em mãos e apresentou às vacinadoras. “É importante se proteger, pois combatemos os males antes que eles cheguem”, contou José, que precisou atualizar a dose da vacina dupla bacteriana do tipo adulto dT, que oferece proteção contra difteria e tétano. Os reforços são feitos a cada dez anos. “Tomei a vacina e já sei que preciso voltar em abril para a campanha contra a gripe.”

Também na terça-feira, a administradora Cibelly Vasconcelos, 35, foi à unidade de saúde iniciar os esquemas vacinais para grávidas. “Estou na 17ª semana de gestação e sei que, ao ser imunizada, o bebê também fica protegido”, relatou Cibelly, acompanhada do marido, o zootecnista Thiago Ribeiro, 36.