Conselho Tutelar é acionado quando famílias optam por não vacinar as crianças em Caruaru

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 25/03/2019 às 10:47
Em Caruaru, o desafio atual é imunizar os adolescentes contra o HPV (sigla para o papilomavírus humano, que causa verrugas genitais e câncer de colo do útero) e a meningite (Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem)
Em Caruaru, o desafio atual é imunizar os adolescentes contra o HPV (sigla para o papilomavírus humano, que causa verrugas genitais e câncer de colo do útero) e a meningite (Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem) FOTO: Em Caruaru, o desafio atual é imunizar os adolescentes contra o HPV (sigla para o papilomavírus humano, que causa verrugas genitais e câncer de colo do útero) e a meningite (Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem)

Apoiadora institucional da atenção básica em Caruaru, a enfermeira Lucicleide Naildes tem abraçado com afinco o trabalho de conscientização sobre a importância de imunizar as pessoas de todas as faixas etárias, especialmente as crianças. Ela conta que, no município, já foi necessário acionar o Conselho Tutelar nas situações em que os pais ou responsáveis se negam a levar os filhos para a vacinação. “Não foi um caso isolado. Isso já aconteceu algumas vezes. Mas antes disso, os agentes de saúde conversam com as famílias. Se, ainda assim, houver resistência, profissionais de nível superior vão às residências, explicam que é um direito da criança ser vacinada e detalham as proteções que são oferecidas com a imunização”, diz Lucicleide. Ela acrescenta que, caso a negativa continue, o conselheiro tutelar vai até os pais e ressalta as punições judiciais que eles podem ter. “Quando isso acontece, eles voltam atrás e terminam levando os filhos para tomar as doses em atraso.”

"Quando a criança está com vacina atrasada, os pais alegam que não têm tempo de ir com os filhos aos postos. Então, decidimos levar as equipes aos locais onde esse público-alvo está, que são as escolas e as creches. Não há mais motivos para deixar de vacinar", frisa a enfermeira Lucicleide Naildes (Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem)

A enfermeira reforça que o trabalho contínuo, de porta em porta, reflete na manutenção dos índices adequados das coberturas vacinais. Os agentes comunitários também desempenham um papel essencial para aumentar as taxas. Quando estava grávida, a manicure Daniele Renata da Silva, 24, já recebia orientações desses profissionais que frequentemente visitam as casas dos moradores e analisam como estão as condições básicas associadas à saúde e ao bem-estar das famílias. “Quando a minha filha, Maria Helena, de 2 meses, nasceu, ela já tomou a BCG e a vacina de hepatite B na maternidade. Uma agente de saúde também já veio à nossa casa após o nascimento. Esse acompanhamento é importante”, conta Daniele, que cuida bem da caderneta de vacina da filha e já a levou para receber as doses que precisam ser aplicada aos 2 meses.

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Em Caruaru, o desafio atual é imunizar os adolescentes contra o HPV (sigla para o papilomavírus humano, que causa verrugas genitais e câncer de colo do útero) e a meningite. Para o PNI do município, uma estratégia particularmente para esse grupo etário é levar os vacinadores até as escolas. “Todo início de ano sempre fazemos um planejamento, com base no que verificamos que tem trazido bons resultados e também nas nossas dificuldades. Então, ainda este mês, todas as unidades de saúde começam a se mobilizar nas escolas municipais para vacinar os adolescentes contra HPV e meningite. Essa ação será repetida em setembro”, destaca a coordenadora do PNI em Caruaru, Sarah Rafael Ribeiro.

"Temos realizado, desde 2018, várias ações para conseguirmos alcançar indicadores estabelecidos pelo Ministério da Saúde e manter a cobertura vacinal adequada para toda a população de Caruaru”, destaca a coordenadora municipal do PNI, Sarah Rafael Ribeiro (Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem)

Ela ainda acrescenta que, em abril, serão realizadas outras ações para as crianças. “Vamos para todas as 20 creches da cidade, mas não para fazer a imunização contra a influenza, mas também aproveitaremos o momento da campanha contra gripe para atualizar o cartão vacinal desse público. Sabemos que não podemos perder as oportunidades quando estamos com o paciente por perto. Então, vamos intensificar o trabalho que tem dado certo”, frisa Sarah.