Spray nasal contra depressão é aprovado nos EUA; Pernambuco também avalia efeitos da medicação

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 10/03/2019 às 13:12
Depressão atinge 11,5 milhões de brasileiros (5,8% da população no País), segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (Foto ilustrativa: Freepik)
Depressão atinge 11,5 milhões de brasileiros (5,8% da população no País), segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (Foto ilustrativa: Freepik) FOTO: Depressão atinge 11,5 milhões de brasileiros (5,8% da população no País), segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (Foto ilustrativa: Freepik)

Os Estados Unidos acabam de dar um passo que traz mais esperança no combate à depressão, um transtorno que é atualmente considerado a principal causa de problemas de saúde e de incapacidade em todo o mundo. No último dia 5, a Food and Drug Administration (FDA), agência americana que regulamenta alimentos e medicamentos, aprovou a comercialização do Spravato (nome comercial para a substância feita à base da esketamina), medicamento administrado sob a forma de spray nasal e considerado um avanço no tratamento da depressão, que atinge 11,5 milhões de brasileiros (5,8% da população no País), segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ainda não há previsão de aprovação e, consequentemente, comercialização da medicação no Brasil, cujos centros de pesquisa também avaliam os resultados da esketamina contra o distúrbio. Em Pernambuco, o estudo vem sendo conduzido no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), ligado à Universidade de Pernambuco. “Ainda não podemos detalhar resultados, mas a pesquisa no Estado já vai completar dois anos. É uma medicação muito promissora para os pacientes com quadros graves de depressão. Aqueles que participam do estudo apresentam melhora e estão em fase de manutenção do tratamento”, destaca a a psiquiatra Kátia Petribú, responsável pela condução do trabalho no Estado e presidente da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria. O medicamento, segundo a psiquiatra, também controla os pensamentos suicidas (um dos sinais associados à depressão). Isso é um avanço. Nosso maior receio é que a substância chegue ao Brasil com um custo muito elevado, o que pode inviabilizar o uso", acrescenta Kátia Petribú.

A confirmação do registro da nova medicação, indicada para a depressão que não apresenta resultados satisfatórios com os tratamentos já disponíveis, vem após anos de pesquisa, que já demonstravam o potencial da esketamina como mais uma alternativa para tratar o distúrbio. É o primeiro tipo de medicamento, para controlar o transtorno, desenvolvido nos últimos 35 anos.

"Estimava-se que, apenas em 2020, a depressão seria o transtorno que mais causaria comprometimento, mas essa percepção foi antecipada", diz Kátia Petribú (Foto: Tato Rocha/JC Imagem)

A FDA seguiu as recomendações de especialistas para aprovar a esketamina, que será comercializada pela Janssen, a unidade farmacêutica de Johnson & Johnson’s. A aposta dos especialistas é que a substância seja capaz de dar esperança aos adultos que resistem a remédios disponíveis para tratar o transtorno. São aqueles que, apesar de tentarem tratamentos em doses e período adequados, não têm melhora do quadro.

No anúncio oficial, a agência americana destacou que a medicação deve ser usada paralelamente a um antidepressivo oral. O médico Pierre de Maricourt, do hospital Sainte-Anne de Paris, que participa de dois testes clínicos de fase 3 do medicamento, financiados pela Janssen, elogiou a aprovação do remédio. Ele disse que o tratamento deve ser administrado em um a unidade de saúde para que o paciente seja monitorado. A FDA restringiu a distribuição do remédio, com uso sob vigilância médica, devido ao“potencial de abuso” do medicamento. A esketamina está relacionada com a ketamina, usada como anestésico em humanos e animais. A agência regulatória recomenda aos médicos que acompanhem os pacientes, em unidade de saúde, por pelo menos duas horas após uso do spray nasal.

"Nosso programa de pesquisa sobre a esketamina em forma de spray nasal demonstra uma relação de risco-benefício positiva para os adultos que sofrem uma depressão resistente aos tratamentos atuais", disse a diretora de terapias de neurociências na Janssen, Husseini K. Manji. Entre os efeitos colaterais, estão tonturas, náuseas, sedação, vertigens, diminuição da sensibilidade, ansiedade, letargia, aumento da pressão arterial, vômitos e sensação de embriaguez.

Do blog Casa Saudável, com informações da AFP