Alzheimer: exercícios geram hormônio que protege cérebro e restaura memória afetada

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 14/01/2019 às 11:53
O casal Carmen Cardozo dos Santos, 86 anos, e Cláudio dos Santos, 88, comemora sete décadas de casados e sabe como vale se manter ativo para o envelhecimento bem-sucedido e manter a memória bem preservada (Foto: Filipe Jordão/JC Imagem)
O casal Carmen Cardozo dos Santos, 86 anos, e Cláudio dos Santos, 88, comemora sete décadas de casados e sabe como vale se manter ativo para o envelhecimento bem-sucedido e manter a memória bem preservada (Foto: Filipe Jordão/JC Imagem) FOTO: O casal Carmen Cardozo dos Santos, 86 anos, e Cláudio dos Santos, 88, comemora sete décadas de casados e sabe como vale se manter ativo para o envelhecimento bem-sucedido e manter a memória bem preservada (Foto: Filipe Jordão/JC Imagem)

Os investimentos científicos são inumeráveis para a medicina vencer um mal que apaga a memória, compromete a independência, o comportamento e a comunicação. Rodeada de enigmas, a doença de Alzheimer (a mais comum entre os 140 tipos de demência) intriga demais os especialistas. É tremendo o desafio para sustar a doença, cujas pesquisas para o desenvolvimento de novas medicações têm mais fracassos do que trunfos. Mas ainda há esperança – e ela pode estar mais ao nosso alcance do que imaginamos. O ânimo vem de uma descoberta, publicada no último dia 7 na revista Nature Medicine, de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Eles revelam o poder da irisina – um hormônio, liberado pelos músculos durante o exercício físico, valioso para a formação da memória e a proteção dos neurônios dos efeitos tóxicos de compostos associados a Alzheimer.

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Em camundongos, percebe-se que a realização de exercícios intensos melhoram a capacidade de recordação dos animais. Os resultados sugerem que, além de auxiliar a formação da memória, a irisina (hormônio do exercício) protege os neurônios de danos das doenças neurodegenerativas como Alzheimer. O passo seguinte é observar se os mesmos efeitos benéficos ocorrem em macacos.

Ao comentar sobre a pesquisa, o profissional de educação física Flávio da Guarda reconhece a excelência da prática de exercício para a melhoria do funcionamento do cérebro. Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ele sublinha que a atividade física planejada, praticada regularmente, aumenta a capacidade de conexões entre os neurônios. “A questão agora é saber se efeitos benéficos, provocados pela irisina devido ao exercício físico, também são observados em humanos. Se sim, é importante ainda saber a frequência, a duração e a intensidade (da atividade)”, diz Flávio, doutor em Saúde Pública pela Fiocruz Pernambuco. Sobre os tipos de movimentos que poderiam oferecer maior ganho, ele destaca as atividades na água, como a hidroginástica. “É um exercício que trabalha todas as valências físicas”, destaca o especialista sobre a promoção de aptidões que favorecem condicionamento cardiorrespiratório, resistência muscular e equilíbrio.

O casal Carmen Cardozo dos Santos, 86 anos, e Cláudio dos Santos, 88, comemora sete décadas de casados e sabe como vale se manter ativo para o envelhecimento bem-sucedido e manter a memória bem preservada. Eles reconhecem a importância de viver sem excessos e procuram logo se cuidar sempre que algo sai do tom. Atualmente ambos fazem fisioterapia para tratar artrose no joelho, mas não abrem mão dos passeios, das visitas à casa do filho e à da neta, onde relaxam na piscina. Para Cláudio, as caminhadas, o banho de mar e o relaxamento nas piscinas naturais são sagrados. “O que vale é a gente saber viver sem desentendimentos. A cumplicidade ajuda demais”, conta Carmen, que compreende como a longevidade é uma conquista pautada no equilíbrio, no bem-estar e na gratidão.