Ameaças por baixa cobertura de vacinas fazem pediatras e Unicef se unirem para incentivar imunização

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 13/12/2018 às 10:03
Para SBP, neste momento em que o Brasil sofre com surgimento de novos casos de sarampo e o risco de volta da poliomielite, vem a obrigação de se promover ações que fortaleçam e conscientizem os pais sobre a importância de vacinar os filhos (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Para SBP, neste momento em que o Brasil sofre com surgimento de novos casos de sarampo e o risco de volta da poliomielite, vem a obrigação de se promover ações que fortaleçam e conscientizem os pais sobre a importância de vacinar os filhos (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil) FOTO: Para SBP, neste momento em que o Brasil sofre com surgimento de novos casos de sarampo e o risco de volta da poliomielite, vem a obrigação de se promover ações que fortaleçam e conscientizem os pais sobre a importância de vacinar os filhos (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) se uniram em uma campanha de incentivo à vacinação. O objetivo principal é conscientizar a população sobre a importância da imunização como forma de proteger as crianças, contribuindo para melhorar os índices de cobertura vacinal no País, prioritariamente entre aqueles que têm até 5 anos.

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A iniciativa prosseguirá em 2019, mas teve como seu marco inicial um acordo firmado entre essas duas organizações, em agosto deste ano. O público-alvo da campanha é composto por gestores públicos de saúde, profissionais de saúde, especialmente pediatras, as famílias de crianças pequenas e a comunidade geral.

"Essa é uma parceria extremamente importante para nós. Tanto a SBP quanto o Unicef lutam incessantemente pela melhoria da qualidade de vida e da saúde das crianças e adolescentes brasileiros. Neste momento em que o Brasil sofre novamente com o surgimento de novos casos de sarampo e o risco de volta da poliomielite, temos a obrigação de promover ações que fortaleçam e conscientizem os pais sobre a importância de vacinar os filhos", comenta a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva.

Essa visão é compartilhada pelo Unicef. "A questão da imunização está no DNA do Unicef. Vínhamos acompanhando os números exitosos do Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde, reconhecido mundialmente, que até 2015 trazia bons índices de cobertura vacinal. A partir de 2016, passou-se a observar uma queda nesses índices, especialmente das vacinas contra o sarampo e a poliomielite, até que o Brasil voltou a apresentar novos casos de sarampo, sendo a maioria deles no Amazonas e em Roraima", explica a coordenadora da área de saúde da entidade, Cristina Albuquerque.

Ela lembra que um dos motivos para o ressurgimento do sarampo no Brasil se deve à baixa percepção de risco da população e até de alguns profissionais de saúde. "Criou-se a sensação que, devido à erradicação do sarampo em 2016 e da pólio desde 1989 não havia mais a necessidade de se vacinar as crianças. No entanto, é preciso manter as coberturas vacinais das crianças elevadas, enquanto ainda existam casos dessas doenças em outros países."

Riscos

Para a especialista de saúde do Unicef Francisca Maria Andrade, a vacinação representa um dos maiores avanços da saúde pública e é uma das medidas sanitárias que tem o maior impacto na proteção dos seres humanos, especialmente das crianças. “Existem diversos estudos que demonstram a eficácia das vacinas e da efetividade em termos de custo-benefício. Por isso, precisamos estar atentos às dúvidas das famílias e dos profissionais de saúde para que a vacinação de rotina não seja comprometida", enfatiza.

Segundo ressalta, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) precisam se adequar às necessidades da comunidade, estendendo o seu horário de funcionamento para que pais que trabalham consigam levar os filhos para vacinar após seu horário de expediente. "Estamos atuando junto aos gestores, por meio do Programa Selo Unicef, em busca de melhorias nas políticas públicas voltadas às crianças e adolescentes", salienta.

A especialista do Unicef defende ainda a realização de campanhas permanentes de vacinação para evitar a queda na cobertura vacinal no Brasil. "É preciso lembrar, continuamente pelos meios de comunicação e pelas equipes de saúde para que as vacinas sejam aplicadas dentro das datas estabelecidas no cronograma do Ministério da Saúde. Esse trabalho, em níveis de governo federal, estaduais e municipais, bem como das sociedades médicas e de outras instituições, é fundamental para que o Brasil possa manter as coberturas vacinais elevadas e continuar dando bons exemplos para o resto do mundo", acentua.