Cuidando da saúde de quem cuida de todos

Felipe Emanoel
Felipe Emanoel
Publicado em 28/11/2018 às 17:10
Tiago Lubambo/JC360
Tiago Lubambo/JC360 FOTO: Tiago Lubambo/JC360

O profissional que dedica sua vida a cuidar da saúde dos outros, curar, tratar, aliviar doenças e dores também precisa ter tempo para dedicar a si mesmo. O bem-estar do médico é muito significativo para a qualidade do seu trabalho, e reflete diretamente no bem estar do paciente que está sendo atendido. Isso não significa tão somente estar em dia com os exames, mas manter um hábito de vida saudável como um todo, para melhorar a saúde física e mental.

O médico não deve deixar de lado sua própria saúde em prol da saúde dos outros. Essa é uma lição que se tem que aprender desde cedo. E muitos estudantes de medicina acabam se esquecendo deste pequeno detalhe em meio a tanto estudo. Pensando nisso, a Faculdade de Medicina de Olinda (FMO) tem um núcleo formado por psicólogos, psiquiatras e outros profissionais de saúde que trabalham em conjunto para ajudar os estudantes a manterem o foco no aprendizado sem descuidar da qualidade de vida. O núcleo pode, inclusive, dar apoio psicológico nas mais variadas fases da faculdade, que é longa, trabalhosa e pode trazer tanta ansiedade.

Professora Érika Thianne defende que alunos precisam valorizar a vida fora da faculdade em prol da saúde física e mental (Foto: Débora Claro/JC360)

“Quando a gente identifica que tem um aluno com a cara nos livros o tempo inteiro, a gente já conversa, se aproxima. A vida vai além dos estudos. Deve ir”, afirma a professora da FMO e nutricionista, Érika Thianne. “Saúde vai bem mais além do que ter ou não ter uma doença. A gente precisa estar de bem consigo mesmo, e os estudantes, às vezes, deixam isso de lado. De tanto focar nos estudos, tem quem se esqueça de se divertir, participar do social, se alimentar adequadamente”, detalha. Qualquer aluno pode se consultar com a psicóloga responsável pelo núcleo.

E a doutora Érika indaga: “O médico lida com pessoas, então como ele vai cuidar de outros se ele não tem saúde física e mental? Quando a gente fala em cuidar de outra pessoa, a gente busca realmente ajudar. Para ajudar, a gente precisa estar bem consigo mesmo.”

Pensando no bem estar da comunidade, além do núcleo de apoio psicológico, a Faculdade de Medicina de Olinda promove os Jogos Internos Médicos, os JIMED, entre as turmas da própria faculdade. São diversas modalidades, do futebol ao dominó. Duas vezes por semana, na orla de Olinda, são realizados ainda treinos funcionais com horários flexíveis para funcionários e alunos.

A estudante Adriana Torrisi percebe a importância de se alimentar bem e conciliar vida pessoal e profissional (Foto: Débora Claro/JC360)

A estudante de medicina Adriana Torrisi já tem a consciência de que precisa, sim, cuidar de si em meio à rotina cronometrada e cheia de atividades. “Busco organizar tudo o que farei na semana para que eu consiga conciliar as aulas da faculdade, estágios extracurriculares e  aulas particulares com minha vida pessoal”, detalha. “Atualmente, sigo uma alimentação balanceada e sempre que tenho a oportunidade mostro aos meus colegas da Faculdade e aos pacientes que eu acompanho no ambulatório os benefícios de seguir uma dieta saudável”, continua. Ela acredita que esses fatores refletem na forma com que o médico atende seu paciente, sua capacidade de ouvir e acalmá-lo. Para Adriana, cuidar só do corpo não adianta – é preciso conectar corpo e alma. Ela gosta de ir à Igreja porque sua fé traz as forças que ela precisa para se planejar e cumprir todas as metas semanais.

Já Érika gosta de fazer ioga e tirar momentos do dia para reflexão – ela defende que trabalhar o lado espiritual ajuda o médico a trazer leveza para o atendimento, além de torna-lo capaz de não se envolver no problema do paciente mais do que o necessário. “O que se espera do atendimento é que o médico consiga agregar essa compreensão espiritual, transmitindo desenvolvimento e controle emocional”, fala. Em especial para os estudantes, manter uma dieta balanceada, praticar exercícios físicos e não descuidar da saúde mental é até um incentivo para ter um desempenho ainda melhor nos estudos, muito mais do que ter dedicação integral aos livros. “A alimentação está muito ligada com o processo de saúde e doença. Pode ajudar até na carga de estudos, na disposição em estudar, em manter uma atividade física e buscar aprendizado. Evita patologias e doenças, o que pode justamente afastá-los do ensino”, pontua.