Tratamento de queimaduras e feridas com pele de tilápia ganha o crédito da ciência

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 20/11/2018 às 15:21
Estudos em humanos mostram eficácia e segurança do novo método, criado pelo médico paraibano Marcelo Borges, radicado no Recife há 37 anos (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)
Estudos em humanos mostram eficácia e segurança do novo método, criado pelo médico paraibano Marcelo Borges, radicado no Recife há 37 anos (Foto: Diego Nigro/JC Imagem) FOTO: Estudos em humanos mostram eficácia e segurança do novo método, criado pelo médico paraibano Marcelo Borges, radicado no Recife há 37 anos (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)

Está no prelo o primeiro artigo científico, fruto de estudo em humanos, que atesta a eficácia da pele de tilápia como produto indicado para o tratamento de queimaduras de segundo grau superficiais e profundas, aquelas que destroem a epiderme (camada superior da pele) e parte da derme (logo abaixo da epiderme). A pesquisa, conduzida pelo cirurgião plástico Marcelo Borges, foi realizada com 30 pacientes, de 15 a 60 anos, atendidos no Hospital São Marcos, no bairro de Paissandu, área central do Recife. Nesta terça-feira (20), ele participou do programa Casa Saudável, da TV JC, e detalhou os resultados dos estudos.

Assista ao programa sobre o tema:

O trabalho teve os resultados aceitos para publicação na Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, que congrega a produção científica da especialidade médica. “Analisamos 15 pacientes tratados com o curativo da pele da tilápia, que possibilitou a cicatrização da lesão após nove dias de uso do produto. Outros 15 receberam curativo de hidrofibra com prata, um dos recursos mais modernos no tratamento de queimaduras. A cicatrização ocorreu após dez dias”, diz Marcelo Borges, idealizador da pesquisa e professor da Faculdade de Medicina de Olinda.

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Com essa declaração, ele reforça um dos achados importantes do trabalho: em relação à resposta terapêutica apresentada pelos pacientes, a pele da tilápia é tão boa quanto um produto que desponta na lista do padrão ouro para tratar queimaduras. O estudo também revelou que um grupo maior de pessoas relatou menor intensidade da dor (provocada pelas lesões) quando usou a pele do peixe, em relação àqueles que receberam hidrofibra com prata.

Apesar de o custo de ambas as terapêuticas não ter sido investigado nesta pesquisa, Marcelo Borges infere que financeiramente o valor do tratamento à base da pele de tilápia pode chegar a ser, no mínimo, 50% mais barato quando comparado à alternativa convencional. “Vamos agora estudar a possibilidade de desenvolvimento da pele artificial a partir do colágeno da tilápia”, anuncia o cirurgião.