Teste de triagem eleva para perto dos 70% a taxa de sucesso da fertilização in vitro

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 05/10/2018 às 11:11
(Foto: Igo Bione/Divulgação)
(Foto: Igo Bione/Divulgação) FOTO: (Foto: Igo Bione/Divulgação)

Quatro décadas depois do nascimento do primeiro bebê de proveta, o acesso à fertilização in vitro (FIV) no Brasil ainda é escasso. O procedimento custa de R$ 15 mil a R$ 20 mil por cada tentativa e, em Pernambuco, não há serviços de reprodução humana dedicado aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Outro detalhe é que as chances de sucesso do procedimento são pequenas para alguns casais. Nessas situações, podem ser indicados exames capazes de avaliar a chance de sucesso da fertilização in vitro.

“Oferecemos o teste de triagem pré-implantação, realizado após ser feito o procedimento (FIV). Ou seja, a mulher já teve o óvulo coletado e fertilizado por um espermatozoide, com embriões prontos. Antes de serem implantados, checamos se a parte genética (do embrião) está saudável, a fim de melhorar a chance de fertilização bem-sucedida, que não leva a aborto”, explicou o médico imunologista João Bosco Oliveira, diretor-executivo do Genomika Diagnósticos, localizado na Ilha do Leite, bairro da área central do Recife.

O médico João Bosco, que participou, na terça-feira (2/10), do programa Casa Saudável, na TV JC, informou que esse tipo de exame não é coberto pelos planos de saúde. Essa triagem adiciona aproximadamente R$ 5 mil à FIV. De imediato, há um custo adicional. Mas se, com o teste, há a tendência de menos tentativas de implantação do embrião, o valor para se chegar a uma gestação bem-sucedida pode ser menor. “Com o exame, aumenta-se a taxa de sucesso da fertilização em até 30%. Os pacientes podem até judicializar o exame, mas a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar, que regula o mercado de planos privados de saúde) não colocou o exame na sua lista de procedimentos (aqueles que os planos de saúde devem oferecer)”, frisou.

"A triagem eleva para perto dos 70% a taxa de sucesso da fertilização in vitro. Aumenta-se a chance de uma só transferência resultar em gestação. Assim, diminui até o estresse de se tentar várias vezes a implantação do embrião”, diz o médico João Bosco Oliveira, do Genomika Diagnósticos (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem)

Também durante a entrevista, o urologista Filipe Tenório, especialista em fertilidade masculina, destacou que o teste de triagem pré-implantação tem indicações específicas. “A partir dos 37 anos, os óvulos possuem um risco maior de apresentar alterações cromossômicas. Então, ao fazer o exame, é possível identificar o melhor embrião antes da implantação”, disse Filipe, médico do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) e da clínica Andros Recife, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife.

O urologista exemplifica que, no caso de uma mulher aos 40 anos, que faz a FIV e não se submete ao teste, a taxa de sucesso do procedimento fica em torno de 20%. “Caso faça o exame e se identifique um bom embrião, que é transferido, a taxa de gravidez pode atingir 60%”, conclui Filipe Tenório.

"O teste dá uma segurança grande na hora de se escolher o embrião a ser implantado. Se uma mulher tem dez embriões e apenas um é normal, não precisaria tentar nove vezes até se chegar ao embrião saudável", exemplifica o médico Filipe Tenório, da clínica Andros Recife (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem)