HPV: Opas elabora estratégia mundial para eliminar o câncer do colo uterino

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 06/09/2018 às 10:32
No Brasil, a cobertura com a segunda dose da vacina contra HPV está em 41,8% para meninas e 13% para meninos (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
No Brasil, a cobertura com a segunda dose da vacina contra HPV está em 41,8% para meninas e 13% para meninos (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil) FOTO: No Brasil, a cobertura com a segunda dose da vacina contra HPV está em 41,8% para meninas e 13% para meninos (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Na semana em que o Ministério da Saúde (MS) anuncia a campanha para a vacinação dos adolescentes brasileiros contra o HPV (sigla para papilomavírus humano, cuja infecção é responsável por praticamente todos os casos de câncer do colo do útero), o subdiretor da Opas, Jarbas Barbosa, ressaltou que, entre os esforços da entidade, estão as medidas para eliminar (também) esse tipo de câncer até 2030. O anúncio foi feito em conferência durante o 54º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop), que terminou, na quarta-feira (5), no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda.

“Na lista das doenças candidatas a eliminação, está o câncer cervicouterino (ou do colo do útero) relacionado ao HPV. Se conseguirmos o acesso universal a medidas de detecção precoce e a tratamento, será que é irreal pensarmos em eliminar as mortes por esse tipo de câncer daqui a uma década? E o foco não é só eliminar a transmissão e as mortes, mas também a morbidade e as sequelas”, declarou Jarbas Barbosa.

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O plano de ação da Opas, para prevenção e controle até 2030, destaca que a doença é a principal causa de morte por câncer, entre mulheres, em 11 países, incluindo o Brasil, onde a cobertura com a segunda dose da vacina contra HPV está em 41,8% para meninas e 13% para meninos. A proteção é completa quando aplicadas as duas doses do imunizante, que é eficaz e protege contra vários tipos de câncer em mulheres e homens.

Diante do cenário das baixas coberturas vacinais (contra HPV e outras doenças), Jarbas Barbosa sublinha que o desafio dos sistemas de saúde é adaptar-se à realidade social urbana das famílias, que têm dificuldade para levar os filhos, durante a semana, aos postos de saúde, em horário comercial, de segunda a sexta-feira. “A vacina está na geladeira do posto, mas as pessoas não conseguem chegar para se proteger. Por que o Recife abriu (na campanha contra sarampo e pólio) à noite as unidades de saúde, que encheram de gente? Por que, no sábado, em dias de mobilização, os postos ficam lotados? Porque o acesso se tornou viável”, frisou subdiretor da Opas.

Pernambuco

A campanha nacional de vacinação contra o HPV tem como meta imunizar, em Pernambuco, 403,6 mil meninas de 9 a 14 anos e 534,9 mil meninos de 11 a 14 anos. No Estado, a cobertura com a segunda dose está baixa: 47,6% para meninas e 11,6% para meninos. A vacina usada no País, segundo o MS, previne 70% dos cânceres do colo útero, 90% do câncer anal, 63% do câncer de pênis, 70% dos cânceres de vagina, 72% dos cânceres de orofaringe e 90% das verrugas genitais.