Dia D da Diálise: campanha chama atenção para crise no setor

Letícia Saturnino
LETÍCIA SATURNINO
Letícia Saturnino
Publicado em 21/08/2018 às 16:34
Foto: Reprodução
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A falta crônica de financiamento adequado para a diálise - processo físico-químico pelo qual duas dispersões (de concentrações diferentes), são separadas por uma membrana semipermeável - no Brasil vem provocando uma grave crise no setor, afetando o acesso dos pacientes ao tratamento. Em alerta para essa triste realidade, a Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) – Pernambuco, com o apoio da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), promoverá um Dia D da Diálise, como parte da campanha nacional de valorização do setor "Vidas Importam: a diálise não pode parar". A ação acontecerá na quarta-feira (29), das 7h às 9h, no cruzamento da Avenida Agamenon Magalhães com Rua Paissandu, na Ilha do Leite, área Central do Recife.

A ação irá acontecer simultaneamente em diversas cidades brasileiras. “Contaremos com uma equipe formada por 60 pessoas que distribuirão panfletos informativos para a população. Nosso objetivo é alertar a população sobre a crise e buscar sensibilizar o Governo Federal para a necessidade de aumentar os investimentos no setor da diálise” diz Wagner Barbosa, diretor regional da ABCDT em Pernambuco.

O repasse, que é insuficiente para cobrir os custos operacionais com insumos importados e pessoal especializado, está impedindo as clínicas de investirem em uma expansão e novas tecnologias para melhorar o tratamento dos paciente.

Nos últimos anos, houve aumento de 71% no número de pacientes dependentes de diálise, enquanto o número de clínicas que realizam o tratamento aumentou em apenas 15%. O financiamento das clinicas de diálises privadas que são credenciadas a Rede Pública não tem reajuste a mais de doze anos. Com isso, algumas clinicas começam a apresentar sinais de sucateamento e não têm recursos para a renovação dos equipamentos.

O serviço continua sendo prestado aos pacientes, mas está na eminência de parar, pois a oferta do serviço começa a se tornar inviável. “Algumas clínicas já estão encaminhando os pacientes para a rede pública que, muitas vezes, não tem capacidade de atendimento. O quadro não se agravou ainda mais porque o Governo do Estado criou um programa de assistência à diálise que oferece o tratamento nos maiores hospitais da rede estadual e ainda tem conseguido manter o repasse das verbas federais em dia. Mesmo assim, o recurso tem sido bastante escasso para manter o serviço”, lamenta Wagner Barbosa.