Hospital Agamenon Magalhães reduz em 54% mortalidade materna

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 14/08/2018 às 10:51
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JC Online - Uma proposta de Redução da Mortalidade Materna conseguiu diminuir em 54,23% o número de óbitos de mães, durante a gravidez ou até 42 dias após o parto, no Hospital Agamenon Magalhães (HAM), na Zona Norte do Recife. A meta inicial era reduzir índice em 30% e a meta foi superada. O projeto por enquanto ainda é um piloto, futuramente ele pode servir como modelo modelo para outras unidades de saúde.

Atualmente, o HAM está há 89 dias sem óbitos maternos. O índice leva em consideração as mortes de maio de 2016 a abril de 2017 e de maio de 2017 a maio deste ano. A redução foi possível a partir de uma parceria com a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e a empresa farmacêutica MSD. O projeto não atuou com investimentos ou melhorias físicas, mas com a capacitação e humanização dos multiprofissionais que atuam na assistência obstétrica e neonatal.

Cláudia Miranda, diretora do HAM, comentou sobre a redução, “Isso foi possível em um projeto grande que uniu todo o redesenho do processo assistencial no serviço, a revisão de protocolos, a capacitação de profissionais e também um olhar para a rede com a capacitação de Pernambuco todo, incluindo os vários municípios que encaminham mulheres para o nosso hospital”. Para ela, a preparação das equipes que atuam nos municípios é de extrema importância para a detecção de anormalidades e o encaminhamento imediato das gestantes para os centros de referência. Desde o início de 2017, mais de 250 profissionais do HAM e de outras unidades puderam passar por qualificações.

Desde o início de 2017, mais de 250 profissionais do HAM e de outras unidades puderam passar por qualificações. De acordo com Cláudia Garcia, Diretora Executiva da Prática Assistencial, Qualidade, Segurança e Meio Ambiente do Albert Einstein, essas capacitações clínicas, que foram realizadas em São Paulo, são importantes para os resultados no dia a dia. “É esse tipo de treinamento que a gente, por meio de experiências práticas, expõe os médicos e a enfermagem (à situações) para que eles tenham uma coordenação correta, no tempo certo, seguindo um protocolo e um algoritmo que leve ao sucesso do procedimento”, explica.

As principais causas da mortalidade durante a gravidez e no período pós-parto são hemorragias, infecções, quadros de hipertensão, tromboembolismo venoso e abortamento. Os partos cesariana também são um agravante para a mortalidade. Para Guilherme Leser, diretor de relações governamentais da MSD Brasil, projetos como este são importantes para toda a sociedade e devem servir de exemplo. “Para nossa surpresa, conseguimos mais de 54% de redução na mortalidade. Vamos conseguir dar continuidade ao projeto e assim dar a possibilidade de, quem sabe, replicar esse modelo em outras instituições. Essa é uma possibilidade de melhorar a qualidade de vida das pessoas e a qualidade da saúde no país”, encerra.

Em Pernambuco, segundo a Secretaria de Saúde, foram registrados 60 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos em 2015 e 58,1 em 2016. No HAM, o intervalo médio entre os óbitos passou de 17,6 dias para 40,2. Desde o início do projeto já foram realizados 3.783 partos na unidade. O indicador da Razão de Mortalidade Materna (RMM), utilizado pelo Ministério, calcula os óbitos maternos a cada 100 mil nascidos vivos. Em 2015, no país, o índice foi de 62 e 64,4 em 2016. Entre 1990 e 2015, o Brasil conseguiu reduzir em 57% a taxa de mortalidade materna e pretende, até 2030, baixar 30. Segundo o órgão, os anos de 2017 e 2018 ainda não tiveram os dados publicados.