Diabetes: pesquisa aponta que apenas 1 em cada 4 brasileiros considera a doença grave

Letícia Saturnino
LETÍCIA SATURNINO
Letícia Saturnino
Publicado em 01/08/2018 às 15:22
Foto: Pixabay
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Embora ligado à principal causa de morte em todo o mundo e à quinta em maior incidência no país – as doenças cardiovasculares – o diabetes ainda é motivo de muitas dúvidas para os brasileiros. A maioria da população ainda desconhece conceitos básicos sobre a doença, especialmente relacionados às complicações que a mesma pode causar. É o que aponta a pesquisa inédita “Diabetes: o que os brasileiros sabem e não sabem sobre a doença”, realizada pela Abril Inteligência com apoio da AstraZeneca e do Curso Endodebate.

O levantamento mostra que a população, no geral, relaciona o diabetes principalmente a problemas de visão e amputação, sendo que as doenças cardiovasculares são condições muito mais graves e que podem levar à morte. Ainda segundo a pesquisa, apenas 43% dos diabéticos e 27% dos não diabéticos acreditam que a doença pode ter relação com a incidência de um possível acidente vascular cerebral (AVC).

Também foram levantados alguns mitos associados à doença, que são vistos como corretos por boa parte dos entrevistados: 50% dos diabéticos acreditam que o diabetes é hereditário, e 35% acreditam que o diabetes é uma doença emocional, ligada ao estresse e má alimentação. O mito de que diabéticos nunca mais podem comer açúcar é considerado verdadeiro para 31% dos diabéticos e para 26% dos não diabéticos, o que aponta o desconhecimento de grande parte das pessoas sobre os cuidados necessários com a doença.

O que é Diabetes?

O diabetes é uma síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus efeitos, causando um aumento da glicose (açúcar) no sangue. O diabetes acontece porque o pâncreas não é capaz de produzir o hormônio insulina em quantidade suficiente para suprir as necessidades do organismo, ou porque este hormônio não é capaz de agir de maneira adequada (resistência à insulina). A insulina promove a redução da glicemia ao permitir que o açúcar que está presente no sangue possa penetrar dentro das células, para ser utilizado como fonte de energia. Portanto, se houver falta desse hormônio, ou mesmo se ele não agir corretamente, haverá aumento de glicose no sangue e, consequentemente, o diabetes.

Dados

Para o Dr. Carlos Eduardo Barra Couri, endocrinologista pesquisador da USP e médico responsável pela pesquisa, os dados apontam resultados preocupantes. “O desconhecimento do paciente com relação às complicações da doença é real e precisa ser combatido em diversas formas. Possibilitar que o paciente alcance a meta glicêmica ideal, o mais rápido possível, após o diagnóstico é essencial para diminuir o risco de futuras complicações, e para isso o paciente precisa estar informado sobre os impactos do diabetes mal controlado”.

O levantamento também mostrou que o brasileiro entende a importância da adoção de hábitos saudáveis para o controle da doença mas, do conhecimento a uma atitude, há um longo percurso. Apenas 58% dos diabéticos afirmam ter uma alimentação balanceada, e apenas 23% afirmaram que praticam atividades físicas regularmente.

Para 35% dos diabéticos, a restrição alimentar é o que mais incomoda no tratamento. Já quando o assunto é a realização de exames, 46% dos diabéticos afirmaram que não realizam check-ups a cada seis meses, período considerado ideal pelos médicos. Ainda segundo os dados, pouco mais da metade dos diabéticos (56%) já realizaram o exame para medir a curva glicêmica, teste oral que mede a tolerância a glicose e é utilizado para investigação do diagnóstico do diabetes. Já o exame de hemoglobina glicada, que avalia a média glicêmica do paciente, é bem mais popular entre os diabéticos: 91% afirmaram já terem realizado o exame ao longo da vida, ainda que 24% deles não saibam definir qual a função do exame.

Para o Dr. Barra Couri, a chave para o bom controle da doença está na descoberta e adesão precoce ao tratamento. “É comprovado que o tempo despendido entre o diagnóstico e o início do tratamento terá relação direta com uma melhor ou pior qualidade de vida do paciente diabético”, finaliza o especialista.